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Quase 70% da indústria sofreu impactos com a greve em SC

Foto Eduardo Montecino/Arquivo/OCP News

Por: Pedro Leal

31/05/2018 - 05:05

Segundo um levantamento divulgado nesta quarta-feira pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), até a quarta-feira, 69% das indústrias de Santa Catarina haviam sido muito ou totalmente afetadas pela greve dos caminhoneiros – só 1,4% das empresas relatou não terem sido afetadas.

Conforme o levantamento, realizado com 905 empresas, quase metade das companhias que participaram estimam prejuízos de pelo menos 20% do faturamento mensal.

“O Brasil deixou de exportar 1 bilhão de dólares. Só a agroindústria no país deixou de exportar 350 milhões de dólares, além de todas as consequências como o rompimento de contratos e a aplicação de penalidades ao exportador que atrasou a entrega. Um dos efeitos de longo prazo, e talvez o mais perverso, é a quebra da confiança porque o mundo está muito competitivo. É uma situação difícil que atinge duramente a indústria e a economia catarinense”, afirma. A nível nacional, o prejuízo  já ultrapassa os R$ 40 bilhões, avalia o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.

Na região do Vale do Itapocu, folgas compensadas e férias coletivas estão sendo cotadas, como destaca o vice-presidente da Fiesc para o Vale do Itapocu, Célio Bayer.

“Em Jaraguá pelo que sei, algumas empresas com problemas de suprimentos, darão folga e compensarão com banco de horas, para atender seus clientes. Outras com altos estoques, farão férias por 10 dias”, explica.

A crise trouxe impactos para os funcionários das empresas e para a situação de emprego do estado. Segundo a pesquisa da Fiesc, 44% das indústrias de Santa Catarina recorreram a férias coletivas – e 13% irão demitir funcionários em decorrência do prejuízo decorrente da falta de abastecimento. No segmento de bens de capital, esse percentual sobe para 27%.

Entre as empresas afetadas por problemas de abastecimento de matéria-prima e de escoamento de mercadorias, o grupo Marisol optou por dar folgas para alguns setores através do banco de horas.

A WEG deu folga na sexta-feira para as atividades que foram afetadas na unidade de Jaraguá do Sul, e foram concedidas férias coletivas para os setores mais prejudicados de Blumenau. As atividades devem ser retomadas com a normalização do fluxo.

Em 28% das empresas de grande porte, as perdas estimadas com os nove primeiros dias da paralisação ultrapassam 30% do faturamento mensal.  Em 30% delas, houve paralisação total das operações. 81% delas pretendem retomar as operações em até 20 dias – na região norte do estado, 9,9% das empresas devem levar mais de três semanas até que a normalidade seja retomada.

O impacto foi sentido por todos os segmentos da indústria, mas foi mais pronunciado nos setores de alimentos – sujeitos a decomposição de insumos e de produtos, no qual 83% das empresas foi muito ou totalmente afetada e de bens de capital, com impacto grave em 82% delas.

Classe empresarial é de retomada em Jaraguá do Sul

Embora apoie a movimentação, o presidente da Acijs e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, Anselmo Ramo, frisa que agora chegou a hora do país voltar à plena normalidade para que não haja maiores prejuízos a todos.

“É necessário agora evitar a ação de oportunistas que se infiltram em um movimento legítimo unicamente para desvirtuar o que se pretendia, que foi chamar a atenção da sociedade pressionar o governo, mas isto não pode comprometer ainda mais a economia. Os efeitos ainda serão sentidos pelos próximos meses, mas temos de retomar o ciclo econômico”, completa Anselmo.

O presidente afirma que o movimento iniciou como uma paralisação de caminhoneiros e se tornou um movimento de insatisfação geral, mas considera que os impactos ocasionados para a economia do país são muitos.

Prejuízos com a greve afetam quase toda economia em Jaraguá do Sul

“O comércio sofreu com a queda de fluxo e falta de mercadorias nas lojas durante os dez dias da crise”, afirma o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Jaraguá do Sul, Gabriel Seifert. A queda de fluxo, que nos primeiros dias era de 20% a 30%, acabou por chegar em até 70% em alguns estabelecimentos nos últimos dias, segundo o empresário, com queda similar no faturamento.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).