Tema de discussão recorrente e que se arrasta há anos com defensores ferrenhos de um lado e opositores insistentes de outro, o fechamento do Calçadão da Marechal (avenida Marechal Deodoro), no Centro de Jaraguá do Sul, volta e meia retorna à pauta dos debates. Nas últimas semanas, o assunto voltou a ser discutido na Câmara de Vereadores. Para o vereador Marcelindo Gruner (PTB), o fechamento de um calçadão na área central já é comum em centros maiores, como Itajaí e Blumenau.
Defensor da ideia, Gruner afirma já ter ouvido empresários do município que seriam favoráveis à ideia de fechamento definitivo do Calçadão. “A gente vem ouvindo alguns empresários que concordam com o calçadão para uso dos pedestres, para que eles possam utilizar melhor aquele espaço que hoje é uma rua inútil. Não tem estacionamento, as pessoas apenas transitam de carro e acabam tumultuando o trânsito daquela região central. A ideia é transformar aquilo em uma área que a família jaraguaense possa utilizar”, ressalta.
O calçadão hoje já é fechado, parcialmente, em alguns finais de semana, no chamado “Sábado Legal”, mas para Gruner essa ação deveria se estender fazendo com que o local se tornasse de uso exclusivo de pedestres. E o vereador vai além. Para ele, não apenas o calçadão, mas todo o entorno da praça Ângelo Piazera deveria se tornar um espaço público de uso dos pedestres. “Todo o entorno da praça e não apenas o calçadão deveria se tornar um espaço para uso da família jaraguaense. Tirar aquele estacionamento e fazer com que essa área seja apropriada para que as famílias possam utilizá-la. Dar um pouco mais de vida, talvez colocar um chafariz, torná-lo atrativo para a comunidade”, afirma.
De acordo com o vereador, um estudo foi solicitado ao Departamento de Trânsito para analisar a viabilidade e os impactos que o fechamento poderiam causar. “Nós não estamos falando em fechar o calçadão amanhã. É preciso, antes de qualquer coisa, verificar os impactos tanto com os comerciantes como com os moradores e estudar a possibilidade de fechar o calçadão definitivamente. Mas a ideia central é sim de que esse seja um espaço de uso da família jaraguaense”, diz Gruner.
O Departamento de Trânsito tem uma posição, até o momento, bem definida: é contrário ao fechamento. Segundo o diretor de Trânsito, Irio Riegel, o fechamento do primeiro trecho no Sábado Legal deve continuar. Já o fechamento total e definitivo do calçadão não deve acontecer em médio prazo. “Chegamos à conclusão de que enquanto não forem realizadas outras ações, como proporcionar atrativos para o público, por exemplo, com a utilização do espaço para atrações culturais, o fechamento não se justifica. Como hoje não temos nada nesse sentido, não haverá fechamento em um primeiro momento”, afirma.
Riegel esclarece ainda que nenhum estudo em conjunto com a Câmara de Vereadores foi realizado ou está previsto. Ele esclarece que uma avaliação interna do Departamento de Trânsito e da Secretaria de Planejamento e Urbanismo foi realizada, fazendo com que a conclusão e opção fossem pelo não fechamento, exceto no Sábado Legal.
CDL teme possível aumento da marginalidade
Assim como o Departamento de Trânsito, a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Jaraguá do Sul também se posiciona contrária ao fechamento do Calçadão da Marechal. Para o presidente da entidade, Gabriel Seifert, alguns exemplos analisados demonstram que o fechamento de uma rua para veículos “aumenta a marginalidade e, consequente, a insegurança das pessoas que ali moram, trabalham e passeiam”.
Após consulta aos lojistas e moradores da região, a entidade optou por se posicionar contrária ao fechamento e lembra que existem casos de centros comerciais de sucesso, como a rua Vidal Ramos, em Florianópolis, que permite o tráfego de pedestres, carros e bicicletas, todos convivendo em harmonia, “evitando que a falta de tráfego faça com que o ambiente perca vida, movimento e dinamismo”, afirma Seifert.
O lojista afirma ainda que a CDL está pleiteando e mobilizando a administração municipal e os lojistas da região a abraçar um projeto que possa contemplar todos os meios de transporte, priorizando o pedestre. Destaca ainda como prioridade da entidade a cobrança para que a administração atenda aos pedidos feitos pelo grupo de lojistas do Calçadão. Embora alguns já tenham sido efetivados, como a fiscalização contínua dos ambulantes, pintura do mobiliário e a manutenção das calçadas, a entidade ressalta que outros ainda estão carentes de solução, como o caso do escoamento de água falho no fim do calçadão, que causa alagamentos, e a manutenção da arborização.