Espaços de trabalho compartilhados – os chamados “coworkings” – tem crescido em popularidade e em número no país: segundo o portal Coworking Brasil, 2017 encerrou o ano com 810 espaços do tipo ativos, número 114% maior do que o de 2016.
Buscada primariamente por empreendedores das áreas de tecnologia, design e e-commerce, a modalidade é especialmente popular no Brasil: somente a cidade de São Paulo conta com 336 espaços do tipo, 700% a mais do que todo o país de Portugal, com 42.
Em Jaraguá, são dois espaços do tipo: a Alcateia Colab, na rua Josef Fontana, 42, e o recém inaugurado Coolworking, aberto na quarta-feira passada (2), na rua Augusto Mielke, 120.

Um dos ambientes do recém-inaugurado Coolworking | Foto Eduardo Montecino
Outros dois espaços operavam neste sentido, mas hoje partiram para outras formas de negócios: a Transcend, que hoje atua com consultoria de negócios, e Coletivo 73, que hoje é um café.
“Embora tenha pessoas que usem o espaço para reuniões de negócios ou para trabalhar”, explica o proprietário, Daniel Schmitz de Arruda, ressaltando que cogita reabrir parte do espaço para locação para reuniões.
Ambientes criativos
Hoje abrigando 22 profissionais fixos, o Coolworking combina um ambiente arrojado com um espaço compartilhado e locação de salas e mesas por hora, dia, semana, ou mês.
“Atendemos todo tipo de profissional liberal, assim como empreendedores, quer precisem de uma sala para reunião com clientes ou de espaço para trabalhar”, explica um dos sócios, Norberto Drechsel.
Além do coworking, o espaço abriga também locação de endereço fiscal e uma agência de publicidade.
Com ambiente mais casual e um clima de informalidade, nove empreendedores operam na Alcateia, fundada em junho de 2017. A primeira vista, o clima remete mais a um café do que um espaço de trabalho.
Segundo a publicitária Lara Nunes Bassi, uma das idealizadoras do espaço, a ideia é quebrar o isolamento vivido por muitos profissionais liberais e empreendedores, crescer como profissionais e ter espaço para receber os clientes.

Lara Nunes Bassi é uma das idealizadoras da Alcateia | Foto Eduardo Montecino
O perfil é diverso: vão de profissões como designers e profissionais de social media até estabelecimentos mais tradicionais, com agências de turismo. Além do ambiente, o espaço também traz benefícios financeiros.
“Outra vantagem é a divisão dos custos, pois quando se abre uma empresa se tem toda uma série de despesas com espaço, locação, telefone, energia, internet, e com o compartilhamento esses custos são divididos”, explica.
Uso pode ser pontual
Segundo Drechsel, o momento de crise pelo qual o país passou acelerou a implementação deste tipo de espaço, que já era uma tendência emergente.
“Acho que se não tivéssemos passado pela crise, talvez não tivéssemos aberto o coworking tão cedo”, explica, ressaltando que a perda de mercado e de poder aquisitivo fez com que muitos profissionais não tivessem condições de ter espaço próprio.

Norberto Drechsel acredita que a crise financeira estimulou o surgimento de muitos espaços de coworking | Foto Eduardo Montecino
Para alguns profissionais, o uso de espaços de coworking é uma questão pontual – caso este da profissional de marketing Isabela Acioli, que locou o espaço nesta sexta-feira por uma questão logística.
“Eu normalmente trabalho de casa, mas esta semana estava na casa da minha sogra e o acesso a internet estava muito ruim, então decidi alugar o espaço para ter algo mais certo”, explica.
Isabela lembra que já trabalhou em outros espaços do tipo e que, em dias de mais movimento, estes sempre trouxeram vantagens na troca de ideias e na socialização.
“E acho que tem gente que precisa de um espaço de trabalho. Eu tenho a disciplina para trabalhar de casa, mas sei que tem muita gente que precisa ir para algum lugar para trabalhar”, conta.
Outras formas de compartilhamento
Além dos espaços de coworking, outras modalidades de compartilhamento de espaço tem crescido em popularidade. Localizado no condomínio Marcatto Center, o Jaraguá Business Center opera com locação de salas tanto de forma fixa quanto por uso.
“Nós locamos salas para psicólogos e coaches só durante a sessão, por exemplo, para quem precisa de uma sala mas não tem condições para ter um espaço permanente”, explica a auxiliar administrativa Rafaela Marquadt.
O espaço, no entanto, é bem mais formal do que os “coworkings”. A área coletiva se resume a recepção e os corredores, com profissionais fixos locando suas próprias salas enquanto as salas temporárias são locadas por uso. Os maiores espaços coletivos são salas de reunião, para cinco pessoas.

Espaços do JBC seguem proposta mais forma, mas são igualmente vantajosos | Foto Eduardo Montecino
Enquanto a mentalidade por traz dos coworkings favorece empreendedores e profissionais criativos, o ambiente do “condomínio de salas” é mais adequada para profissionais que precisam de privacidade para lidar com seus clientes, como advogados, consultores e psicólogos.
Voltados para empresas ainda em estágio inicial, outros dois espaços dividem características do chamado coworking: o Núcleo de Inovação e Pesquisas Tecnológicas – JaraguaTec, na Católica de Santa Catarina, e a Aceleradora de Empresas Spin Exponential Business, no Blue Chip Tower.
Voltadas para os primeiros estágios de uma empresa, os espaços abrigam diversas empresas e, pelo compartilhamento de áreas comuns, incentivam o contato entre os profissionais.

Espaços de coworking conquistam o gosto dos jaraguaenses | Foto Eduardo Montecino