-> A poeta Maureen Bartz Szymczak escreve com exclusividade para Orelhada sobre “Algo me Avalia do Couro a Espinha”, livro de poemas inéditos que o escritor e jornalista Joel Gehlen lança nesta sexta-feira (11), às 19h, no Salvador Vegan Café, em Joinville. Produzido com recursos do Prêmio Elisabete Anderle, do governo do Estado, os 500 exemplares da obra serão distribuídos gratuitamente.
O livro “Algo me avalia do couro a espinha” (80 páginas, Editora Micronotas) mistura gravuras, a pele onde as marcas estão nítidas, com as palavras, que se alinham, convertem e tangenciam, desenhando uma espinha única que releva a grandeza do poeta.
As poesias evocam as gravuras como cenário possível para suas metáforas, enquanto as gravuras dilatam a poesia para além das palavras, demonstrando o jogo complementar entre claro e escuro.
O simples e o enigmático se oferecem em metáforas, assim como os dias passam sem nos perguntar se precisamos recapitular ocorridos. Simplesmente se lançam, se fazem e se entregam aos nossos sentidos.
Desta forma, me joguei ao mergulho nas poesias de Joel Gehlen. Em um choque, alguns versos me repeliram, pela força de suas palavras. Mas, tão logo me dei conta, liberaram a vontade louca de me misturar às poesias e deixá-las na boca, depois de recitá-las alto e escutá-las ressoar pela casa. Como logo após comer algo saboroso, ainda insisto em deixar aquele sabor circulando entre os dentes.
De repente, o verso acaba, mas sei que ele continua a confeccionar as palavras em algum lugar que não mais consigo enxergar. Sinto o seu pulso ainda balançando meu corpo.
O claro e o escuro andam lado a lado. Assim como no outono o dia finda mais cedo, e a noite a luz solar ainda permanece na lua. Esse outono, tão presente na poesia, fala de algo tão humano, que é ser luz e sombra em um só corpo.
O corpo e suas curvas são as nuances das palavras, que revelam seios, coxas e ombros. Revelam também a nuance de um domingo que amanhece tranquilo em um agosto longo, mas a seu passo anuncia a chuva da precipitada segunda-feira.
Assim, estas poesias me mostraram um olhar singular de um corpo que pulsa à sua maneira e dilata seu mundo revelando os versos de cada cunho encravado na madeira e a impressão das palavras em nossos sentidos.
Maureen Bartz Szymczak é poeta e mestre em Patrimônio Cultural pela Univille.
Foto: Divulgação/Katherine Funke