A decisão do Contran de flexibilizar o processo para obtenção da CNH marca uma mudança profunda no sistema de formação de motoristas. Ao permitir que o conteúdo teórico seja acessado on-line e ao retirar a obrigatoriedade das aulas em autoescolas, o governo busca modernizar serviços e reduzir custos, embora a norma ainda dependa de publicação oficial para entrar em vigor. É uma iniciativa que promete ampliar o acesso, mas que exige cautela.
A principal polêmica recai sobre a redução das aulas práticas obrigatórias de 20 para apenas 2 horas. Profissionais do setor alertam que esse tempo é insuficiente para formar um condutor capaz de enfrentar situações reais de trânsito. A direção exige mais do que dominar pedais e comandos: envolve técnicas de segurança, circulação em vias movimentadas e postura responsável ao volante — elementos difíceis de absorver com tão pouca prática.
A ampliação das possibilidades de aprendizado, incluindo instrutores autônomos e uso do veículo próprio, também levanta dúvidas sobre padronização. Sem um processo formativo consistente, a tendência é que aumentem as reprovações nos exames, que permanecem técnicos e rigorosos. Mesmo candidatos bem preparados podem falhar por nervosismo; com formação desigual, esse risco tende a crescer.
Ainda assim, a digitalização da etapa teórica traz vantagens claras para quem enfrenta rotinas apertadas. Facilitar o acesso não é apenas desejável, mas necessário. O desafio está em equilibrar economia e flexibilidade com a segurança de todos os usuários das vias. Qualquer mudança no processo de habilitação deve garantir que novos condutores cheguem às ruas não apenas habilitados, mas verdadeiramente preparados.