Para o processo eleitoral de 2026, o calendário sinaliza duas datas estratégicas. A primeira é 4 de abril, prazo final para a desincompatibilização daqueles que desejarem concorrer ao pleito. Entre março e a primeira semana de abril, ocorre ainda a janela partidária, quando detentores de mandato — ou não — podem buscar novas acomodações para enfrentar as urnas. Ou seja, a partir de 5 de abril, o cenário pré-eleitoral deve clarear de forma significativa.
A segunda data relevante é o período das convenções partidárias, que se encerram em 5 de agosto. A campanha eleitoral começa oficialmente no dia 15 daquele mês.
O que se observa nas últimas semanas — especialmente nos últimos dias — é a tentativa de alguns partidos de antecipar o calendário, buscando definições que, na prática, podem ser interpretadas como precoces.
Senão vejamos: o Novo já teria sinalizado à deputada federal Carol De Toni o desejo de uma definição ainda em dezembro. Especula-se, inclusive, que a filiação ocorreria no dia 15, em ato partidário na Assembleia Legislativa. Naturalmente, isso não faz o menor sentido. Para o partido, tudo bem — qualquer legenda gostaria de se adiantar e organizar sua estratégia. Mas para a deputada, o risco é enorme.
Altíssimo risco
Explica-se: e se Carlos Bolsonaro, circunstancial ou eventualmente, desistir de concorrer em Santa Catarina e optar por disputar em algum estado do Norte ou Centro-Oeste — com Carol já fora do PL? Uma vez filiada ao Novo, um retorno ao PL seria constrangedor. E não apenas para ela. Seria um desgaste considerável para ambas as legendas.
Passo a passo
A situação exige cálculo, prudência e estruturação. Nada na política está completamente estabelecido de antemão. Por mais que Carluxo deseje concorrer por Santa Catarina, ele pode perceber, mais adiante, que o ambiente está carregado — inclusive pelo crescente número de contestações empresariais, comunitárias e políticas à sua transferência para o estado.
Variáveis
Há ainda outras possibilidades. E se Flávio Bolsonaro decidir concorrer à Presidência da República ou compor como vice? A vaga de senador pelo Rio ficaria aberta. Fala-se, inclusive, na possibilidade de Flávio concorrer em São Paulo, caso Eduardo Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos. As variáveis são inúmeras.
Condicionante
Além do caso Carol De Toni/Novo, existe ainda a variável da Federação União Progressista, que não abre mão da recandidatura de Esperidião Amin ao Senado.
Aberturas
A federação vem dialogando tanto com João Rodrigues quanto com Jorginho Mello. É do jogo. Agora, imaginar que um pré-candidato conseguirá garantir essa vaga já em dezembro é algo plausível apenas para o prefeito de Chapecó, que não tem aliados definidos e nem controla a unidade interna de seu próprio partido.
Palavra
Quanto ao governador, ele pode simplesmente reafirmar o que já declarou: a vaga ao Senado é do União Progressista.
E, diante desse posicionamento, perguntar: “o que mais vocês querem?”
Rito
A formalização só ocorre mais à frente, seguindo o calendário legal. Não adianta tentar ser “mais esperto do que a esperteza”: os prazos estão aí, são claros e possuem sua própria elasticidade.
Amarrações
Tentar uma definição agora pode significar amarrar uma ponta e deixar várias outras soltas. Além disso, decisões prematuras geram riscos desnecessários, podendo exigir correção de rota mais adiante. E até gerar ressentimentos em aliados que se sintam preteridos. Simples assim.