A Central de Abastecimento (Ceasa) de Joinville desempenha um papel estratégico no abastecimento alimentar da região Norte de Santa Catarina, atuando como ponto de encontro entre produtores rurais, comerciantes, feirantes e consumidores. No entanto, há mais de quatro anos o local encontra-se subutilizado.
Na manhã desta segunda-feira (10) a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) realizou uma audiência pública para debater o tema e alinhar ações junto ao governo do Estado visando à reativação e reestruturação da unidade. O ato ocorreu em Joinville e contou com a participação de autoridades, agricultores e representantes da comunidade.
De acordo com o deputado Adilson Girardi (MDB), propositor da audiência, a central de abastecimento teve sua administração transferida ao Estado. “A Ceasa de Joinville sempre funcionou sob a supervisão da prefeitura. Há cerca de quatro anos, a administração retornou ao governo do Estado, por meio da central Ceasa em Florianópolis e da CAC. Desde então, surgiu a necessidade de uma reformulação e de reformas estruturais para que a Ceasa possa abrigar todos os boxistas interessados em atuar no local. Essa audiência pública é de extrema importância para cobrarmos urgência do Estado na execução das ações necessárias, como a licitação para a reforma e, posteriormente, para a contratação dos novos boxistas”, destacou o parlamentar.
Entre as principais necessidades estruturais está a modernização da infraestrutura física. Outra carência importante é a implantação de sistemas adequados de gestão de resíduos sólidos e de tratamento de efluentes, fundamentais para garantir a sustentabilidade ambiental e o cumprimento das normas sanitárias vigentes.
No campo operacional, a Ceasa de Joinville necessita de investimentos em tecnologia e gestão, como a criação de um sistema informatizado de controle de entrada, saída e rastreabilidade de produtos — medida que traria mais transparência, segurança e agilidade às transações. Além disso, é preciso fortalecer a estrutura administrativa, com equipes técnicas qualificadas em logística, inspeção sanitária, controle de qualidade e apoio ao produtor.
O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Carlos Chiodini, ressaltou a importância da central para o desenvolvimento regional. “Essa é uma questão que vem se arrastando há anos. A Ceasa de Joinville não consegue operar da forma que deveria, considerando sua relevância populacional e econômica. O governador Jorginho Mello já destinou os recursos necessários para as obras, mas não se trata apenas de obras — é preciso motivação, chamar os produtores para dentro da Ceasa, atrair os comerciantes e fazer o local voltar a funcionar plenamente.”
Chiodini explicou ainda o andamento do processo de revitalização. “Atualmente, a Associação de Municípios da Região de Joinville (Amunesc) elaborou o projeto de revitalização, que está em fase de aprovação na Secretaria de Estado da Infraestrutura. Assim que ultrapassarmos essa etapa, iniciaremos o processo burocrático para licitar a obra. O governo tem vontade, tem recursos e vai executar. Joinville é um dos municípios com o maior número de agricultores do Estado, por isso nossa preocupação e empenho em repaginar a Ceasa, conectando-a a outros setores da economia, como restaurantes e supermercados, que buscam produtos de qualidade e com melhor preço”, afirmou o secretário.
Atualmente, a Ceasa Joinville opera com apenas quatro boxistas, dois deles produtores rurais, movimentando cerca de 14 mil toneladas por mês. Com a reestruturação, a central poderá atender 21 boxistas, alcançando uma movimentação anual estimada em 118 mil toneladas de produtos hortifrutigranjeiros.
Segundo estudo da Epagri, somente em Joinville existe potencial para mais de 6 mil compradores, número que chega a 17,2 mil em toda a região. “O recurso está alocado para essas reformas — são mais de R$ 3,5 milhões destinados à revitalização do pavilhão dos atacadistas. Uma obra que vai fomentar a economia regional, especialmente o abastecimento do norte e nordeste do Estado, além de fortalecer a produção agrícola local”, explicou o diretor-presidente da Ceasa, Sandro Vidal.
O deputado Matheus Cadorin (Novo) reforçou a necessidade de agilidade na execução das obras. “Esse é o nosso desejo: que finalmente se coloque fim a essa novela. Hoje temos uma Ceasa praticamente desativada ou funcionando muito aquém do necessário. O consumidor precisa ir até Curitiba ou São José para comprar produtos que são produzidos aqui, e o produtor precisa se deslocar para vender. Isso é inadmissível, já que temos uma estrutura pronta e que funcionava bem para atender a comunidade. Os trâmites de reforma e reativação desse equipamento já demoraram demais”, afirmou o parlamentar.
O agricultor Indalécio Sumech também destacou a expectativa do setor rural. “Tudo o que vem para somar com a agricultura de Joinville, como a reativação e a reformulação da nossa Ceasa, é bem-vindo. O agricultor merece isso e muito mais. As dificuldades enfrentadas hoje serão superadas, e quando há organização e união, todos saem ganhando”, concluiu.