Por Célio Bayer
Vice-presidente regional da Fiesc no Vale do Itapocu
O aumento das tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos, que chegam a até 50% sobre produtos brasileiros, abalou a competitividade de diversas empresas catarinenses no mercado norte-americano. Diante desse cenário, cresce a urgência de diversificar destinos comerciais, especialmente com a Comunidade Europeia, que historicamente mantém relações sólidas com o Brasil.
No entanto, o acesso ao mercado europeu exige conformidade com rigorosas normas de sustentabilidade. Já estão em vigor — ou em fase avançada de implementação — regulamentações que exigem produtos livres de desmatamento, tarifas vinculadas à emissão de carbono e relatórios ESG detalhados.
Setores estratégicos da economia catarinense, como têxtil, madeira e móveis, cerâmica, metalmecânico, papel e celulose, além de alimentos, precisarão comprovar rastreabilidade de insumos, apresentar inventários de carbono auditáveis e adotar práticas sustentáveis consistentes.
Diante da crise provocada pelo “tarifaço”, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) tem atuado em múltiplas frentes para apoiar as empresas do estado:
Criação do Comitê de Crise do Tarifaço: A Fiesc reuniu representantes industriais para mapear os impactos regionais e setoriais das novas tarifas, com destaque para os setores de madeira e móveis, altamente dependentes do mercado norte-americano.
Pesquisa com exportadores: A entidade lançou um questionário para entender a exposição das empresas catarinenses às tarifas dos EUA, subsidiando propostas de políticas públicas junto ao governo estadual e federal.
Programa “desTarifaço”: Iniciativa que oferece consultoria gratuita para abertura de novos mercados, adequação de produtos às exigências internacionais, acesso a crédito e capacitação de trabalhadores afetados.
Articulação institucional: A Fiesc tem dialogado com autoridades estaduais e federais, além de participar de missões empresariais internacionais, como a realizada em Washington, para buscar alternativas comerciais e defender os interesses da indústria catarinense.
Em um momento em que o “tarifaço” norte-americano ameaça margens e volumes de exportação, a União Europeia desponta como alternativa estratégica. Mas há desafios: sem dados confiáveis e transparência na cadeia produtiva, o mercado europeu pode se tornar inacessível. Por outro lado, empresas que se anteciparem às exigências terão vantagem competitiva, conquistando espaço em um mercado que valoriza qualidade e responsabilidade ambiental.
Para aproveitar essa janela de oportunidade, empresas catarinenses devem investir em sistemas de rastreabilidade, estruturar relatórios ESG robustos e alinhar suas cadeias de fornecimento aos novos padrões internacionais — com o apoio institucional da Fiesc como catalisador dessa transformação.
A corrida já começou — e quem se adaptar primeiro, sairá na frente.