Muita gente no Brasil associa a Itália a pratos de massa, azeite, vinhos e… polenta. Mas a verdade é que esse prato tão presente nas mesas de muitas famílias italianas (e também nas nossas) não é típico de todo o país. A polenta nasceu e ganhou força especialmente no Norte da Itália — em regiões como o Vêneto, Lombardia e Friuli — onde o frio pede comidas mais substanciosas, que aquecem corpo e alma.
Curiosamente, a polenta nem sempre foi feita com milho, como conhecemos hoje. Antes da chegada desse grão ao continente europeu — trazido das Américas, após as grandes navegações — os italianos preparavam uma espécie de mingau com outros cereais, como trigo sarraceno, cevada e até favas moídas. Só mais tarde, com a popularização do milho, a polenta amarela se tornou símbolo da culinária do norte italiano, especialmente nas montanhas e vilas rurais.
No Brasil, ela ganhou um novo capítulo de história com a imigração italiana. E não demorou para se tornar parte da nossa identidade alimentar, especialmente no Sul, onde o clima e os costumes lembram um pouco a terra dos antepassados.
Nesta semana, embarco justamente para o Norte da Itália, com uma parada especial em Treviso, no Vêneto — terra natal de muitas famílias que trouxeram a tradição da polenta para cá. Lá nasceu o pai do meu bisavô, será uma viagem muito especial. Espero provar por lá o sabor original dessa receita que atravessou oceanos e séculos, e que continua a unir histórias, culturas e gerações ao redor da mesa.
Porque, no fim das contas, é isso que a comida faz de melhor: conta histórias — e nos faz sentir em casa, não importa onde estejamos…