Mais de 1,1 mil participantes conectados, 49 especialistas convidados, 500 lideranças industriais, 420 representantes da academia e mais de 700 indústrias mobilizadas. Esse é o balanço da passagem da Jornada Nacional de Inovação da Indústria pela Região Sul, encerrada nesta quinta-feira (2), na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis.
Em Santa Catarina, a Jornada reforçou a posição do estado como o mais produtivo do país em valor industrial, com uma cultura de inovação e de melhoria contínua enraizadas em seus polos. O levantamento mostrou que a base catarinense tem forte atuação em saúde e bem-estar, além de vocação para consolidar soluções ligadas à digitalização industrial e à sustentabilidade em cadeias de valor.
O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, frisou que a indústria não inova sozinha. “Ela precisa da parceria com universidades, institutos de ciência e tecnologia, startups e fontes de fomento. É dessa soma de competências que surgem as soluções que mudam o jogo”, afirma, destacando ainda que essa mobilização nacional é um passo decisivo na construção de um futuro sustentável e inovador.
Paulo Renato Cabral, gerente do Sebrae Nacional, apresentou os dados coletados nos eventos que antecederam o encontro regional. “Essa iniciativa vai ajudar as empresas a se reinventar e atingir um mercado maior, nacional e internacional”, disse. Ele destacou ainda duas iniciativas do Sebrae protagonizadas por Santa Catarina que impulsionam o desenvolvimento tecnológico: o polo de startups e, derivado do polo, o Startup Summit.
A análise mostra ainda que o Rio Grande do Sul se destaca por ecossistemas de inovação especializados, com empresas de base tecnológica em setores, estratégicos como biotecnologia e semicondutores, e o Paraná pela potência da transição ecológica, com iniciativas voltadas às energias renováveis.
Transição energética e inovação em biomateriais
A nuvem de palavras que sintetiza a visão dos participantes na Região Sul destacou conceitos como transição energética, inteligência artificial, bioeconomia, economia circular, inovação em biomateriais, sustentabilidade e Indústria 4.0, confirmando o protagonismo sulista em tecnologias aplicadas à indústria.
Entre os principais temas debatidos, estiveram a transição energética com fontes renováveis, a aplicação de biotecnologia e nanotecnologia em novos materiais, a digitalização da indústria com uso intensivo de dados e inteligência artificial, além de estratégias para incluir micro e pequenas empresas em ecossistemas de inovação e cadeias produtivas.
Carlos Henrique Fonseca, diretor superintendente do Sebrae-SC, destacou que a Jornada é um movimento que conecta ecossistemas, compartilha conhecimento e aponta caminhos para que a indústria seja mais competitiva, sustentável e preparada para o futuro. “Estamos na linha de frente no apoio ao empreendedorismo inovador”, afirmou.
Os resultados do Sul agora se somam às próximas etapas da Jornada, que passará pelas demais regiões do Brasil até março de 2026, quando será realizado, em São Paulo, o Congresso Nacional de Inovação da Indústria, consolidando recomendações estratégicas para a transição ecológica e digital do setor.
Sul é potência, mas exige avanços
Ao longo de 11 encontros regionais no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a Jornada mapeou os principais temas de inovação em quatro eixos estratégicos: transição ecológica, transição digital, micro e pequenas empresas e políticas públicas. A escuta revelou tanto as fortalezas da região quanto os desafios persistentes para ampliar a competitividade.
Jefferson Gomes, diretor industrial da CNI, lembrou o peso do Custo Brasil para as empresas brasileiras, estimado em R$ 1,7 trilhão por ano. Isso equivale a 20% do PIB brasileiro, segundo levantamento da CNI. Também citou avanços tecnológicos que precisam ser acelerados, usando como exemplo a produção do trigo. “Tem que ter um amplo domínio de conhecimento para desenvolver tecnologia e fazer a farinha. A eficiência desse processo não chega a 60%. Tem muito desenvolvimento tecnológico ainda a ser feito, seja na área de biotecnologia, aeroespacial, automação e uso da inteligência artificial”, elencou.