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Modelo sofre necrose na pele por conta de procedimento estético e clínica é interditada em Jaraguá do Sul

Foto: Arquivo Pessoal

Por: Gabriel JR

01/10/2025 - 18:10 - Atualizada em: 01/10/2025 - 18:13

O que deveria ser apenas um procedimento estético para redução de gordura localizada e celulite terminou em cirurgias, internações e um processo judicial.

A modelo Karim Kamada, de 51 anos, moradora de Schroeder, afirma ter sofrido necrose na pele após realizar aplicações com caneta pressurizada com enzimas em uma clínica de estética em Jaraguá do Sul. O local foi interditado pela Vigilância Sanitária por exercer atividades sem respaldo legal.

“Após 27 anos, estava retomando minha carreira de modelo, cuidando intensamente da minha saúde e corpo, treinando, me alimentando corretamente e, para acelerar resultados estéticos, optei por um procedimento com caneta pressurizada com enzimas, vendido como seguro e sem riscos. Em nenhum momento a profissional me alertou, nem assinei qualquer termo ou preenchi ficha de anamnese”, relatou Karim, emocionada.

Ela conta que encontrou a profissional por meio de um anúncio patrocinado no Instagram. “As aplicações começaram em maio e eram feitas duas vezes por semana.”

Pouco tempo depois, surgiram os primeiros sintomas: dor intensa, vermelhidão e febre na região tratada. Karim afirma que, mesmo informando os desconfortos, a profissional minimizou os sinais.

“Ela dizia que era normal. Mas com o tempo, as lesões evoluíram para inflamações severas, nódulos e uma celulite infecciosa (flegmão), até que uma delas se transformou em um abscesso necrosado”, contou.

Após diversas consultas médicas e idas a especialistas, Karim precisou passar por uma cirurgia de exérese para remoção da pele comprometida. Durante o procedimento, os médicos constataram necrose total na área afetada, sendo necessária a retirada completa do tecido.

Desde então, ela segue em tratamento contínuo.

“Depois da primeira cirurgia, precisei de uma segunda para tratar novas lesões. Estou há três meses em tratamento, tomando antibióticos e passando por acompanhamento médico constante”, afirma.

Sem habilitação e com promessas não cumpridas

A modelo descobriu, posteriormente, que a aplicação foi feita por uma pessoa sem habilitação médica e que utilizava substâncias de uso externo de forma injetável — prática considerada ilegal e perigosa.

“Descobri tudo isso só depois da complicação. No início, ela até reconheceu verbalmente a gravidade do que aconteceu e prometeu me reembolsar, mas nunca estabeleceu prazo. Com o tempo, começou a pedir fotos e comprovantes repetidamente, numa tentativa clara de ganhar tempo e montar sua defesa. Em nenhum momento demonstrou real intenção de reparar os danos.”

Sem retorno, Karim decidiu interromper o contato com a profissional e ingressar com uma ação judicial.

“Fiz denúncia à Vigilância Sanitária, que chegou a proibi-la de atuar. Mas, mesmo após a interdição, ela continuou atendendo. Em uma das fiscalizações, foi necessário acionar a polícia porque ela impediu a entrada dos fiscais. Isso mostra a falta de fiscalização efetiva e o risco que muitas pessoas correm ao procurar procedimentos estéticos com quem não tem capacitação adequada.”

Foto: Arquivo Pessoal

O OCP News tentou contato com a clínica de estética, mas, até o momento, não obteve resposta.

Fiscalização e interdição

A Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul informou que recebeu uma denúncia via Ouvidoria da Prefeitura, indicando a prática de atividade clandestina em uma clínica de estética.

No dia 29 de julho, fiscais estiveram no local e constataram irregularidades, o que resultou na interdição imediata das atividades. Porém, em 8 de setembro, uma nova denúncia revelou que a clínica continuava operando, o que motivou nova fiscalização, dessa vez com apoio da Polícia Militar.

“Foi necessário acionar a PM porque houve resistência para a entrada dos fiscais”, informou a Vigilância.

Durante a vistoria, foram identificadas a ausência de documentos obrigatórios para funcionamento e a falta de comprovação de habilitação da profissional para realizar os procedimentos ofertados.

Foi lavrado um auto de infração e instaurado um processo administrativo sanitário, que pode resultar em multa e outras penalidades previstas no Código Sanitário.

Procedimento estético seguro: o que diz a Anvisa

Vai fazer um procedimento estético? Fique atento a estas recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):

1. Procure um local autorizado

Antes de realizar qualquer procedimento, verifique se o estabelecimento possui licença ou alvará sanitário. Em caso de dúvida, entre em contato com a vigilância sanitária do seu município.

Dica: Desconfie de locais improvisados, sem identificação ou com atuação exclusivamente online.

2. Exija produtos aprovados

  • Os produtos utilizados devem ser autorizados pela Anvisa. Antes da aplicação, pergunte ao profissional:
  • Qual é o nome do produto?
  • Quais são os ingredientes e a data de validade?
  • Quais os cuidados necessários após o procedimento?
  • Quais os possíveis riscos e o que fazer em caso de reação?
  • Você tem o direito de receber todas as informações sobre o que será aplicado no seu corpo.

3. Verifique a qualificação do profissional

Confira se a pessoa tem formação adequada para realizar o procedimento. A habilitação pode ser comprovada por certificados de curso técnico, graduação, especialização ou registro em conselho profissional.
Atenção: Esteticistas não podem utilizar medicamentos. A atuação desses profissionais é restrita ao uso de cosméticos (produtos de uso externo).

Sinais de alerta:

  • Desconfie de situações como: Promessas de resultados imediatos, “milagrosos” e 100% garantidos
  • Preços muito abaixo do mercado
  • Falta de avaliação prévia ou local desconhecido
  • Profissional que não esclarece dúvidas ou demonstra insegurança
  • Reclamações de outros clientes ou histórico duvidoso

A Anvisa não regulamenta profissionais, mas fiscaliza produtos e condições sanitárias dos locais. A regulamentação profissional cabe aos conselhos específicos de cada área (CFM, CFO, Cofen, entre outros).

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Gabriel JR

Repórter e radialista com 15 anos de experiência na área de comunicação