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“Sem investimento em cultura, a história de Joinville não seria a mesma”, diz presidente da Harmonia Lyra

Divulgação/Plaenge/Harmonia Lyra

Por: Pedro Leal

29/09/2025 - 14:09

Depois de formalizar a adesão ao projeto de restauro do prédio histórico que abriga a Sociedade Harmonia Lyra, no Centro de Joinville, com aporte de R$ 1 milhão, o Grupo Plaenge, maior construtora do Sul do país, avança para uma nova etapa da parceria.

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O objetivo é conhecer as demandas da instituição, tanto em obras específicas, que não sejam cobertas por leis de incentivo fiscal, quanto em eventos culturais que possam receber o aval da companhia.

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O superintendente da Plaenge em Santa Catarina, Maurício Dallagrana, visitou a sociedade, para conferir obras em andamento. O presidente da Lyra, Álvaro Cauduro, recebeu o executivo e apresentou alguns projetos. Iniciada há cinco anos, a revitalização contempla uma série de etapas até a conclusão, prevista para 2030. Confira entrevista de Álvaro Cauduro.

Como o sr. avalia a importância da participação do empresariado no processo de reforma da Lyra?

Um envolvimento que é essencial. Sem isso, o projeto não se viabilizaria. A própria história da Harmonia Lyra tem a ver com a participação da classe empresarial. Nossa sociedade de natureza cultural foi constituída a partir da adesão dos empresários. Porque eles entenderam que, para melhorar a qualidade de vida, as perspectivas econômicas da região, era necessário investir no desenvolvimento cultural, a base do desenvolvimento econômico de Joinville. Essa visão era muito clara, já naquela época. Sem cultura, não se vai à frente, não se evolui. Foi justamente porque havia cultura, havia conhecimento, havia desenvolvimento intelectual na cidade, que Joinville embarcou no bonde do progresso.

Quando o Brasil começou a se desenvolver, na década de 1960, e depois com aquele evento do chamado “milagre brasileiro”, o início da urbanização, a migração do rural para o urbano, houve demanda por materiais de todo tipo para abastecer a indústria nacional. Aqui, tínhamos a Fundação Tupy, para fabricar blocos de motores. Tínhamos a Tigre, para fabricar tubos, tínhamos a Consul, para abastecer de geladeira as casas, e por aí vai, uma infinidade de indústrias que eram pequenas, mas detinham tecnologia, detinham conhecimento, seus proprietários tinham cultura e capacidade de buscar mais tecnologia e apoio, até mesmo conhecimento do exterior. Isso só se concretizou porque eles traziam essa base. Se tivessem ficado no modo rústico, como ocorreu em muitas cidades, Joinville não teria experimentado o desenvolvimento que experimentou. Essa é a história.

E a história se repete: vivemos hoje a mesma situação. Joinville é uma metrópole, a população cresce em ritmo intenso – recebemos de 60 a 100 pessoas por dia, vindas do Norte, do Nordeste, até mesmo do exterior. E essas pessoas vão para a periferia, em grande parte. Muitos que já nasceram aqui habitam a periferia. Na Lyra, fazemos um trabalho de aproximação dessas crianças à cultura. Todo ano, trazemos até 5 mil crianças aqui para fazer visita guiada, para mostrar o cantor de ópera, ou até uma ópera funcionando. As crianças saem de boca aberta, tocadas nos seus corações, e dão retornos significativos. Quando perguntadas no ato, respondem coisas que não se imagina. Na escola, escrevem redações, falam sobre o ambiente, sonham em voltar, ou seja, abre-se uma chave pelo coração. Uma chave de perspectivas para as pessoas sonharem, quererem ir à frente, quererem poder frequentar um lugar como este, ter essa visão diferenciada do mundo.

E como recebeu o interesse do grupo Plaenge em participar desse movimento pela revitalização da Lyra?

Com enorme satisfação e alegria. A Plaenge é uma empresa consagrada, a maior construtora do Sul do Brasil. Ter a nossa instituição associada à imagem de uma empresa dessa qualidade só nos engrandece. Independente do apoio financeiro, tem a questão da credibilidade que uma empresa desse porte, desse nível, dessa estrutura, contribui ao se associar conosco. É um orgulho muito grande ter uma empresa como a Plaenge fazendo parte do nosso quadro de patrocinadores.

Em que estágio o projeto se encontra? Há quantos anos começou e o que tem pela frente?

Começamos há 11 anos, com a parte de diagnóstico, depois os projetos, a aprovação nos órgãos tombadores – no Estado, com a Fundação Catarinense de Cultura, e no município, a Secretaria de Cultura e Turismo. Há aproximadamente cinco anos, conseguimos as aprovações e iniciamos a fase das obras, captando recursos por meio de leis de incentivo do município e do Estado, e também agora, com essa legislação que permite o apoio nos prédios tombados, e que permitiu o ingresso da Plaenge ao sistema.

Tem sido uma tarefa hercúlea, decidimos trocar a roda com o carro andando: achamos que não poderíamos fechar a sociedade por três, quatro, cinco anos para realizar obras. Entendemos que deveríamos continuar realizando eventos, à medida do possível, eventos, ao mesmo tempo em que os espaços iam ficando preservados.

Imaginamos que até 2030, quando estaremos completando 100 anos da inauguração do prédio que abriga a sociedade, estaremos com a obra concluída. E o volume de recursos aplicados é expressivo: se fosse construir do zero um prédio com esta dimensão, o custo seria em torno de R$ 12 milhões. Para restaurar, é quase o dobro. Então, vamos mesmo precisar de muito apoio nas próximas etapas.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).