Muitos jovens me “ouvem” nestas nossas conversas diárias, beleza! Então, quero adiantar a eles que não virem a página antes de ouvir a minha ladainha de hoje. Sim, para muitos não vai passar de uma ladainha, mas aí já está a primeira pedra no caminho do assunto de que vou tratar. O assunto é velhice. Já saio dizendo que velhice é um ponto de vista. Conheço pessoas, muitas mulheres, que aos 40, 40 e poucos anos já se vêem como velhas. Homens no mesmo time. São pessoas sem um propósito na vida ou com propósitos que exigem “passarelas”, como no caso de muitas mulheres. O que me traz ao assunto é a manchete que lhe passo a seguir, esta: – “Empreender aos 60+: – Economia Prateada ganha força no Brasil e abre novas oportunidades de negócios”. Economia Prateada é a economia dos cabelos brancos. Pessoas que já haviam se aposentado e que se deram conta de que aposentadoria é a morte antecipada. Não retiro uma letra dessa frase, aposentadoria da inércia é a morte mais cedo. Por que parar de trabalhar ou de criar algo interessante para o viver contínuo? Por preguiça, pela desculpa esfarrapada de já ter o sujeito trabalhado por 40, 50 anos? E daí? Se a pessoa tiver saúde e decidir por ficar parada depois de uma eventual aposentadoria ela se despreza. Vai-lhe custar caro essa “vadiagem”. Conheço incontáveis histórias de mulheres que só nasceram para a vida depois da viuvez. Chato, desagradável essa verdade? Mas é a mais imaculada das verdades. E mesmo muitos homens só se descobriram empreendedores depois da aposentadoria e quando o bicho da fome e das necessidades lhes mordeu o dedão do pé. Velhice é uma convenção social, o calendário não nos envelhece, o que nos envelhece é a monotonia existencial, a inexistência de um fogoso motivo para nos tirar da cama mais cedo, com disposição. E sem esquecer o Eclesiástico: na vida, tudo o que é já foi e o que foi será… Significa não há nada de novo abaixo do sol, podemos renascer na hora que bem entendermos, mas… É preciso que a campainha da porta da nossa vida esteja funcionando, ela pode tocar a qualquer momento. Ou nos podemos apertá-la para que toque sem parar…
IDADE
Amanheci com os pés de fora, estou encanzinado com os ranços de muitos diante da velhice. Vejo, por exemplo, gurias, cantoras, atrizinhas ou mesmo essas ditas influenciadoras, todas na faixa abaixo dos 30, fazendo retoques na cara para ficar mais jovens. Querem ficar mais bonitas? Leiam mais. Cirurgias plásticas (hoje chamadas de harmonizações faciais) só devem ser feitas por quem teve o rosto deformado num acidente. Fora disso é tolice pura. O vigor existencial é a verdadeira juventude. E ela não tem idade.
MENOR
Vão achar o que fazer! Um grupo de entidades brasileiras está em movimento para que a sociedade não use mais a palavra “menor” para identificar um menino ou menina. A palavra “menor”, dizem os bondosos, diminui a autoestima dos jovens. Preocupem-se com a leitura, isso sim. O pior de tudo é ter uma cabeça “menor”… E como será chamado um menor de idade? Será chamado de “impune”? Achar o que fazer faz bem.
FALTA DIZER
Falei que idade é um mero ponto de vista? Fiquei conhecendo pelas redes sociais Dona Iracy, 84 anos, de Ituporanga, SC. Ela estuda inglês com devoção, faz anotações diárias, estuda como quem vai pra ONU. Um exemplo de determinação e propósito na vida. 84 aninhos…