Poucos doces representam tão bem a identidade brasileira quanto o brigadeiro. Ele é presença obrigatória em aniversários, casamentos, encontros entre amigos e até nos momentos de autocuidado, quando basta uma colher e um potinho para nos trazer conforto imediato. Mas o que muita gente não sabe é que a história desse doce tão popular começa na política.
Na década de 1940, o país vivia um período de intensa movimentação eleitoral. O candidato Eduardo Gomes, militar da Aeronáutica e então brigadeiro, disputava a presidência da República. Suas apoiadoras, mulheres engajadas em sua campanha, criaram um doce à base de leite condensado, chocolate em pó e manteiga, enrolado em pequenas bolinhas e coberto por açúcar cristal. A guloseima era vendida em eventos políticos para arrecadar fundos e logo passou a ser chamada de “doce do brigadeiro”. O nome pegou, e o apelido carinhoso resistiu muito mais do que a candidatura.
De lá para cá, o brigadeiro se consolidou como o doce mais democrático e amado do Brasil. Se antes era feito com açúcar cristal, logo foi substituído pelo granulado de chocolate, que se tornou o acabamento clássico. Mas a criatividade gastronômica brasileira não conhece limites: hoje encontramos brigadeiros gourmets, feitos com chocolate belga e coberturas variadas; brigadeiros de colher, servidos em taças; versões com castanhas, frutas, bebidas alcoólicas e até releituras sofisticadas em cardápios de alta gastronomia.
O fato é que o brigadeiro transcendeu sua origem eleitoral e se transformou em um símbolo afetivo e cultural do país. Ele está presente na memória coletiva, no paladar de todas as idades e na tradição que passa de geração em geração.
E não por acaso, o 10 de setembro foi escolhido como o Dia do Brigadeiro. Uma data para celebrar não apenas um doce, mas também a doçura das histórias que o acompanham e a capacidade do Brasil de transformar simplicidade em tradição.
Porque, no fim das contas, na mesa da festa, o brigadeiro sempre vence.