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Saiba quem é Paulo Gonet, que endureceu denúncias contra Bolsonaro e demais réus

Foto: Rosinei Coutinho/STF

Por: Ewaldo Willerding Neto

02/09/2025 - 11:09 - Atualizada em: 02/09/2025 - 11:30

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, endureceu o tom nesta terça (2) das denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados no julgamento da suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A sessão começou mais cedo com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seguiu com suas sustentações para a acusação do chamado “núcleo 1” ou “crucial” do alegado plano.

Usando adjetivos como “afrontas acintosas”, “belicistas” e “perversão”, Gonet aprofundou a acusação contra o ex-presidente, afirmando que o julgamento da suposta tentativa de golpe é o momento em que a democracia no Brasil assume sua defesa.

“Os atos que compõem o panorama o panorama espantoso e tenebroso da denuncia são fenômenos de atentado com relevância criminal contra as instituições democráticas. Não podem ser tratados como atos de importância menor”, disse Gonet no discurso.

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Além de Bolsonaro, são julgados o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente e delator do plano; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Próximas etapas

Após a manifestação de Gonet, há a expectativa de que as defesas comecem a se pronunciar ainda nesta terça (2), à tarde, iniciando pela de Mauro Cid.

Ao todo, o julgamento deste “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe de Estado terá oito sessões da Primeira Turma divididas em cinco dias. Fazem parte dela o próprio Moraes, que é o relator, e os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que preside o colegiado. Eles votarão nesta ordem e a sentença é dada ao se formar a maioria – ou seja, três votos.

A aplicação das penas, no entanto, não é imediata e a execução começa apenas após o esgotamento de todos os recursos cabíveis. Também ainda há dúvidas se os réus, em eventual condenação, cumprirão as penas em presídios especiais, dependências militares ou mesmo prisão domiciliar.

Quem é o chefe da PGR

Nascido no Rio de Janeiro em 1961, Paulo Gustavo Gonet Branco é jurista, professor e procurador. Formou-se em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) em 1982 e concluiu mestrado em Direitos Humanos pela Universidade de Essex, no Reino Unido, em 1990. Em 2008, obteve doutorado em Direito, Estado e Constituição pela UnB.

Ingressou no MPF em 1987, aprovado em primeiro lugar no concurso, e chegou ao posto de subprocurador-geral da República em 2012. Antes disso, foi assessor do ministro do STF Francisco Rezek e exerceu funções de destaque no próprio Ministério Público, como a de diretor-geral da Escola Superior do MPU (2019 a 2021) e vice-procurador-geral Eleitoral (2021 a 2023).

Na área acadêmica, ele é coautor, ao lado do ministro do STF Gilmar Mendes, da obra Curso de Direito Constitucional, vencedora do Prêmio Jabuti em 2008. Também foi um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.

Gonet é considerado conservador, técnico e discreto. Sua trajetória inclui posições firmes em pautas como aborto e homofobia, que agradam a setores de centro e direita, mas geram críticas em alas mais progressistas.

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.