A indústria de SC, atenta às oportunidades de expansão de parcerias comerciais no exterior, conheceu nesta quarta-feira (6) as oportunidades de exportações do estado para a União Europeia. O webinar “O Contexto Internacional e as Oportunidades de Exportação e Importação na União Europeia”, promovido pela Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina (CCIESC) reuniu industriais catarinenses em busca da diversificação de mercados, diante das incertezas globais provocadas pelos efeitos da política tarifária dos Estados Unidos.
O embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, lembrou que o acordo entre Mercosul e União Europeia, em negociação há mais de 25 anos, vive um momento oportuno para sua conclusão. “Este é um momento geopolítico único, em que todos os fatores convergem para essa aprovação. O acordo Mercosul-UE é uma janela de oportunidade que pode não se repetir.”
Também participaram do encontro o deputado italiano Fabio Porta; representantes da Fiesc, do governo catarinense, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e o presidente da CCIESC, Tullo Cavallazzi Filho.
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O deputado italiano Fabio Porta reforçou o otimismo, defendendo uma “conclusão histórica” do acordo UE-Mercosul ainda em 2025 e a complementaridade dos mercados brasileiro e europeu. Segundo ele, a Itália está entre os países da UE que mais se beneficiaram do acordo, podendo absorver até 20% das oportunidades geradas. “Não se trata apenas de comércio, mas de fortalecer uma irmandade entre regiões com laços profundos”, pontuou.
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A presidente da Câmara de Alimentos e Bebidas da FIESC, Micheli Poli Silva, chamou atenção para os efeitos práticos das tarifas sobre o setor do café. Os EUA consomem 24 milhões de sacas de café por ano e compram 8 milhões do Brasil, o que representa 12% da produção nacional. Com a perda de competitividade nesse mercado, o Brasil terá que redistribuir esse volume, mirando destinos como Alemanha, Bélgica, Japão e países da Ásia e Oceania.
“O impacto é direto e imediato. Mas também é uma oportunidade de reorganizar cadeias globais e buscar abertura em mercados com os quais já temos relacionamento”, disse Micheli. Ela também destacou que a Europa é o maior consumidor de café do mundo, com 53 milhões de sacas, o que representa cerca de 30% da produção global.
O bloqueio das exportações brasileiras de pescados para a União Europeia — vigente desde 2018 por questões sanitárias — emergiu como um dos pontos mais sensíveis do debate. O setor pesqueiro de Santa Catarina, maior exportador nacional, foi representado pelo secretário estadual de Aquicultura e Pesca, Tiago Frigo, e por Celles Regina de Matos, presidente da Cidasc.
Ambos destacaram os esforços em curso para retomar as exportações, inclusive com a previsão de visitas técnicas de empresas italianas ao estado em outubro. Frigo enfatizou que a suspensão foi voluntária, como resposta preventiva a inconsistências apontadas por auditorias da UE, e reiterou o compromisso do governo catarinense com as boas práticas sanitárias.
Frigo ressaltou o potencial do estado, que abriga 593 empresas do setor, com 24% da mão de obra nacional da área. Segundo ele, SC já se mobiliza para atrair investidores e abrir diálogo técnico com autoridades italianas, com uma missão empresarial prevista para outubro.
Celles lembrou que a Cidasc já se colocou à disposição do Ministério da Agricultura para assumir as certificações das embarcações, caso haja necessidade. Trata-se de uma etapa essencial para a liberação dos produtos. “Se essa for uma dificuldade, ela não existe. A porta está aberta. Precisamos apenas de um termo de cooperação”, afirmou.
A presidente da Câmara de Alimentos da Fiesc reforçou que a segurança sanitária e a rastreabilidade dos produtos catarinenses são uma vantagem competitiva, especialmente em setores como o das ostras e mexilhões, em que o estado é líder nacional.
O presidente da Câmara Italiana de Comércio de SC, Tullo Cavallazzi, destacou que o objetivo do evento era apresentar os caminhos a serem percorridos e aproximar a embaixada do Estado de SC e da Fiesc.