A frase de Simone de Beauvoir expõe um traço profundo da psique masculina fragilizada: a violência contra as mulheres não nasce da força, mas da covardia envergonhada.
O homem inseguro de sua própria virilidade constrói uma persona de dureza para esconder a rachadura interna. Quanto maior a insegurança, mais feroz a encenação. Sua agressividade não é sinal de potência, mas sintoma de impotência existencial; é o grito desesperado de quem teme não corresponder ao ideal masculino que ele mesmo idolatra.
Na psicanálise, sabemos que a virilidade saudável não precisa provar-se pela dominação, mas se sustenta na capacidade de reconhecer o outro como sujeito, e não como propriedade. O agressor, ao contrário, precisa humilhar para se sentir inteiro, porque sozinho é pequeno demais para se encarar no espelho.
Ao levantar a mão, a voz ou o olhar de desprezo contra uma mulher, ele não afirma masculinidade, pelo contrário, apenas revela o menino apavorado que é, preso a um ego frágil que desmorona diante da autonomia feminina.
Um homem assim não é forte; é patético. E por mais que tente disfarçar com brutalidade, carrega a marca de sua própria miséria moral: a incapacidade de amar sem subjugar, de conviver sem controlar, de existir sem esmagar o outro.
É a pior das espécies, porque não só teme a liberdade das mulheres, mas teme, sobretudo, a própria verdade.