Desde o final de junho, 371 pinguins-de-Magalhães já encalharam em praias de Florianópolis, mas somente 45 estavam vivos (até o dia 24 de julho). Durante os meses mais frios, esses animais migram de suas colônias na Patagônia Argentina em busca de águas mais quentes e alimentos, mas enfrentam dificuldades ao longo do caminho. Os resgates são realizados pela Associação R3 Animal, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) na Ilha de Santa Catarina.
Segundo a Associação R3 Animal, o número está dentro do esperado para esta época do ano. A maioria dos encalhes são de indivíduos juvenis, que se perdem do bando devido à inexperiência e chegam às praias já exaustos e debilitados. Atividades humanas, como poluição e redes de pesca, também podem contribuir para o agravamento do quadro.
Somente na última semana (de 16 a 23 de julho), 129 pinguins mortos e 15 vivos foram registrados nas praias da ilha. A previsão é que a ocorrência desses animais em nossas praias e os encalhes continuem até outubro. Os animais que chegam debilitados costumam ser encontrados na faixa de areia, com sinais de afogamento e hipotermia, necessitando de atendimento especializado.
Ao encontrar um pinguim na areia, a orientação é que as pessoas não tentem devolvê-lo ao mar, sob risco de tirar sua chance de sobrevivência. “Se eles saíram do mar é porque estão cansados. Pedimos também que não coloquem o animal em contato com gelo, porque esses pinguins estão bastante debilitados. Quando encalham, já estão com muito frio e não conseguem regular a temperatura do corpo”, explica Sofia Troppmair, bióloga e assistente técnica do PMP-BS/R3 Animal.
Após o resgate, os pinguins ainda enfrentam desafios até que a reabilitação seja bem-sucedida. Atualmente, 18 pinguins estão sob cuidados no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal), localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis.
O primeiro pinguim de 2025

Foto: Divulgação/R3 Animal
O primeiro pinguim vivo foi registrado no dia 24 de junho, no bairro João Paulo, próximo a um riacho e afastado da praia, o que configura um caso inusitado. O animal foi resgatado pela equipe do PMP-BS/R3 Animal e levado ao Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal). Ele apresentava sinais de afogamento e marcas de interação com rede de pesca.
Os primeiros cuidados incluíram hidratação, aquecimento para regulação da temperatura corporal, medicação para estabilização do quadro clínico e nutrição com papa de peixe.
Um mês após o resgate, o pinguim vem respondendo bem ao tratamento: ele já ganhou peso, está comendo peixes inteiros, e foi transferido ao recinto externo com piscina. Essa é a última etapa da reabilitação, quando o animal treina natação para adquirir condicionamento físico e impermeabilização das penas.
Antes de ser solto, ele precisa aguardar a formação de um grupo com aproximadamente dez companheiros, para que retornem juntos à natureza. Por serem gregários, os pinguins realizam o deslocamento em bando. O processo completo, do resgate à soltura, costuma durar em torno de dois meses.
O que fazer ao avistar um pinguim na praia?
- Se o animal estiver no mar, não interfira; ele pode estar de passagem e se alimentando, o resgate pode ainda não ser necessário
- Se o animal encalhar na areia, não tente devolvê-lo ao mar
- Jamais coloque o pinguim em contato com o gelo
- Evite se aproximar do animal: ele pode se assustar e tentar voltar para o mar,
- Afaste crianças, animais domésticos e curiosos
- Acione o resgate do PMP-BS: 0800 642 3341 ou (48) 3018 2316 (diariamente das 7h às 17h)
A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.