Para quem convive com cães ou gatos em casa, uma dúvida costuma surgir com frequência: por que esses animais, mesmo cercados por vários membros da família, parecem eleger uma pessoa como “preferida”? A ciência comportamental tem algumas respostas.
Segundo a veterinária comportamentalista Dra. Patrícia Dias, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a escolha do humano favorito está ligada a uma combinação de fatores como o tipo de interação, rotina, linguagem corporal e até mesmo o cheiro da pessoa. “Animais formam vínculos baseados em experiências positivas. Aquele que alimenta, brinca, respeita o espaço e entende os sinais do pet, geralmente conquista esse lugar de destaque”, explica.
Cães: lealdade e interação
Os cães, conhecidos por sua sociabilidade e lealdade, costumam se apegar a quem dedica mais tempo a eles. Isso inclui passeios, brincadeiras e até comandos de adestramento.
“O cão associa o humano preferido à segurança, ao prazer e à previsibilidade. Alguém que estabelece uma rotina clara e responde de forma consistente aos comportamentos do animal tende a se tornar o favorito”, afirma Alexandre Rossi, zootecnista e especialista em comportamento animal, conhecido como Dr. Pet.
Além disso, a sensibilidade canina ao estado emocional dos humanos influencia essa escolha. Estudos mostram que cães conseguem reconhecer expressões faciais e tons de voz, preferindo pessoas que demonstram emoções positivas.
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Gatos: laços discretos, mas profundos
Já os gatos, muitas vezes considerados mais independentes, também estabelecem vínculos intensos – ainda que de forma mais sutil. De acordo com a Dra. Patrícia Dias, “os felinos são altamente sensíveis ao ambiente e ao comportamento humano. Eles tendem a se aproximar de quem respeita seu espaço e responde de maneira calma e previsível.”
Um estudo da Oregon State University, publicado na revista Current Biology, mostrou que gatos criam laços de apego com seus cuidadores semelhantes aos dos cães e até de crianças com os pais. Isso reforça a ideia de que os gatos também têm sua “pessoa favorita” – geralmente aquela que se mostra afetuosa sem ser invasiva.
Nem sempre é quem cuida mais
Curiosamente, nem sempre o humano favorito é aquele que alimenta ou dá banho. O vínculo afetivo pode superar o cuidado prático. Uma criança que conversa com o gato todos os dias ou um adulto que tira cinco minutos para brincar com o cachorro pode se tornar a figura mais querida, mesmo sem assumir as tarefas diárias.
No fim das contas, como reforça Alexandre Rossi, “cada animal é único e tem sua própria personalidade. A chave é respeitar seus limites e construir uma relação baseada na confiança e na empatia.”
E se você não for o preferido?
Não se preocupe. O afeto animal não é limitado. Com paciência, consistência e carinho, é possível fortalecer os laços com seu pet e talvez até subir no ranking do coração dele.
Fonte: Revista Amor de Bicho