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Do Vale do Itapocu aos campos da Itália: a importância dos pracinhas na história de Jaraguá

Foto: PMJS

Por: Elissandro Sutil

30/06/2020 - 10:06

Ao celebrar seus 149 anos de história, Jaraguá do Sul nos convida a fazer “alto”, ou seja, em tradução ao termo militar, uma “pausa” na marcha para relembrar seu passado, suas conquistas e atos de bravura do seu povo. Por meio de um recorte da história, com o auxílio do Museu da Paz, O Correio do Povo (OCP) apresenta a biografia de 3 jaraguaenses que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB).

HELMUTH UTPADEL

Foto: Museu da Paz

O primeiro personagem dessa história é Helmuth Utpadel. Ele nasceu em 04 de outubro de 1920 em Jaraguá do Sul, conhecido como o único Pracinha do Vale do Itapocu a receber a Cruz de Combate de 1ª Classe. A honraria foi entregue pelo Cel. Sílvio Paulo Casali, Comandante do 62º Batalhão de Infantaria, em Joinville, durante um evento que inaugurou o Monumento dos Veteranos da Segunda Guerra Mundial em 25 de Julho de 1985.

Helmuth embarcou para Itália em 22 de setembro de 1944, nesta data, os navios norte-americanos General Mann e General Meigs deixaram o porto do Rio de Janeiro levando 10.375 soldados brasileiros. Entre esses bravos, estava Helmuth, com pouco mais de vinte anos partia rumo ao desconhecido, deixando para trás sua terra natal e sua juventude, para escrever com coragem e sacrifício uma página heroica da história nacional.

Segundo relatos do Museu da Paz, Utpadel teve uma atuação notável durante a batalha no Monte Castelo, uma das mais duras batalhas enfrentadas pelas tropas brasileiras na Campanha da Itália. Sob intenso fogo inimigo, ele demonstrou sangue frio, iniciativa e um notável senso de dever, assumindo posições arriscadas e contribuindo decisivamente para o avanço das tropas aliadas.

CONDECORAÇÕES: Medalha de Campanha e Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe, a mais alta condecoração concedida por ter se destacado em atos de bravura e excepcional.

ESTEPHANO MEIER

Foto: Museu da paz

Estephano Meier nasceu em 14 de agosto de 1919 em Jaraguá do Sul. Ao completar 25 anos de idade foi convocado a integrar as tropas da Força Expedicionária Brasileira, no 11º R.I. (Regimento de Infantaria Tiradentes) embarcando para a Itália no mesmo ano.

Meier integrou o Pelotão de Minas, cuja tarefa era tão perigosa quanto essencial: remover as minas explosivas plantadas pelos alemães e abrir caminho seguro para o avanço das tropas aliadas. Essa era a tarefa ingrata e arriscada confiada ao jaraguaense Estephano Meier.

Como ele mesmo recordava, “os alemães semearam minas que eram um verdadeiro inferno”. Ao executar o delicado trabalho de desmonte, cada movimento exigia precisão absoluta. “Não havia espaço para erro. Um único deslize e tudo explodia”, relatava.

Ainda segundo informações da época, Estephano atuava na linha de frente do perigo, onde o silêncio era tenso e o chão, traiçoeiro. Era o primeiro a pisar onde ninguém ousava, muitas vezes sob ameaça de fogo inimigo, para garantir que seus companheiros pudessem seguir adiante.

Com coragem e precisão, os integrantes do Pelotão de Minas enfrentavam os perigos de campos minados. A tarefa, extremamente arriscada, exigia não apenas habilidade técnica, mas também uma grande resistência psicológica, já que os membros do pelotão estavam constantemente expostos ao risco de detonação de minas.

CONDECORAÇÕES: Medalha de Campanha – Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes

CARLOS FREDERICO VASEL

Foto: Museu da Paz

Carlos Frederico Vasel nasceu em 20 de agosto de 1919 em Jaraguá do Sul. O jaraguense embarcou com 25 anos para integrar as tropas da Força Expedicionária Brasileira, embarcou para a Itália no mesmo escalão que seus colegas Helmuth Utpadel e Estephano Meier.

Vasel integrou a Companhia de Morteiros, uma unidade de apoio tático durante a Campanha da Itália. Como membro participou ativamente das principais operações do seu regimento, sendo responsável por oferecer suporte de fogo pesado às tropas de linha de frente.

Sua função era fornecer fogo indireto preciso, lançando granadas de alto poder explosivo contra posições estratégicas inimigas. Disparos capazes de desorganizar linhas de defesa, neutralizar metralhadoras entrincheiradas, destruir abrigos fortificados e criar brechas para o avanço seguro das tropas aliadas.

Carlos e seus companheiros operavam os morteiros sob condições adversas — frio intenso, terrenos acidentados e, muitas vezes, sob o risco de contra-ataques. Sua atuação garantiu a sobrevivência de muitos soldados e o progresso das forças brasileiras em solo italiano.

CONDECORAÇÕES: Medalha de Campanha

A história dos muitos pracinhas de Jaraguá do Sul, aqui representada por Helmuth Utpadel, Estephano Meier e Carlos Frederico Vasel, é um símbolo de bravura, sacrifício e amor à pátria. Suas histórias eternizam o valor do povo jaraguaense.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP