Em um mundo dominado pela pressa, superficialidade e instantaneidade digital, o retorno do jornal impresso e do vinil como objetos de desejo parece paradoxal. No entanto, esse fenômeno reflete uma busca por autenticidade, tangibilidade e experiência sensorial que o virtual não consegue replicar.
No caso do vinil, o diferencial está na qualidade sonora analógica, mais quente e rica em nuances, além do ritual de colocar o disco no toca-discos, folhear o encarte e apreciar a arte e textura da capa. Para os colecionadores, o vinil representa não apenas música, mas um artefato cultural. O mercado cresce há mais de uma década, atraindo jovens que nunca viveram a era de ouro do LP.
Já o jornal impresso ressurge como um antídoto à desinformação e ao excesso de conteúdo superficial. Em meio às fake news, veículos tradicionais ganham credibilidade. A experiência tátil de folhear as páginas, acompanhada de um bom café, a curadoria editorial e o design gráfico oferecem uma imersão que a leitura em telas não proporciona. Publicações de luxo, como o tradicional OCP, com suas pontuais edições especiais, investem em papel de qualidade e reportagens aprofundadas, tornando-se objetos de coleção.
Os dois mercados têm em comum a nostalgia, mas vão além: são respostas à saturação digital, valorizando o “slow consumption” e a materialidade. Enquanto o streaming e as redes sociais priorizam o efêmero, o jornal impresso e o vinil celebram a permanência e crescimento. Seu glamour reside justamente nisso: são mais que suportes, são símbolos de resistência em uma era intangível.