A sanção da Lei 9.910/2025, que regulamenta o uso de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual em Jaraguá do Sul, é um avanço necessário diante da crescente, e oportuna, popularidade desses veículos. No entanto, a eficácia da norma depende diretamente de campanhas educativas, capazes de orientar a população sobre os riscos, direitos e deveres no trânsito. A prefeitura e a Polícia Militar terão o desafio de criar uma estratégia pedagógica que vá além da simples divulgação de regras. Ela deve promover uma mudança cultural.
Em primeiro lugar, a campanha precisa esclarecer as diferenças entre os tipos de veículos e suas respectivas regulamentações. Muitos usuários podem não distinguir, por exemplo, que bicicletas elétricas (limitadas a 20 km/h) devem circular prioritariamente em ciclovias, enquanto ciclomotores (equiparados a motos) exigem habilitação e só podem trafegar em vias regulares. Vídeos explicativos e infográficos poderiam ilustrar essas diferenças, evitando confusões perigosas.
Outro ponto crucial é a ênfase na segurança ativa e passiva. Se por um lado a lei já exige capacetes para condutores de bicicletas elétricas (segundo a NBR 16.175) e proíbe o uso de celulares durante a condução, a campanha deve ir além, mostrando os riscos reais de acidentes quando essas normas são ignoradas. Simulações de colisões e depoimentos de vítimas poderiam ser recursos impactantes para conscientizar sobre a fragilidade do corpo humano em choques mesmo em baixas velocidades.
A convivência harmoniosa no espaço público também deve ser um eixo central. Com a proibição de circulação em calçadas e áreas pedestres, é essencial ensinar tanto os usuários de veículos elétricos quanto os pedestres sobre respeito mútuo. Campanhas interativas, como “pit stops educativos” em pontos de grande movimentação, poderiam simular situações de conflito e mostrar as consequências de infrações como trafegar na contramão ou estacionar em locais proibidos.
Por fim, a campanha não pode ignorar a sustentabilidade. Ao associar o uso desses veículos à redução de emissões e ao alívio do tráfego, a prefeitura pode incentivar sua adoção de forma responsável. Parcerias com escolas e empresas para promover “carona solidária” ou oficinas de manutenção básica reforçariam a mensagem de que mobilidade elétrica é parte de um futuro mais limpo, mas, só funciona com responsabilidade coletiva.
Se bem executada, essa iniciativa pode transformar Jaraguá do Sul em um modelo de educação para a mobilidade urbana do século 21. O desafio é grande, mas o custo da omissão seria muito maior.