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SC registra 180 casos de meningite no primeiro quadrimestre de 2025

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

26/05/2025 - 10:05 - Atualizada em: 26/05/2025 - 10:39

Os números não mentem. Em 2025, foram confirmados 1.980 casos de meningite no Brasil até o mês de abril. Desses quadros, 168 evoluíram para a morte do paciente – uma taxa alarmante de quase 10% que reflete o quanto a meningite, uma doença silenciosa e mortal, precisa ser combatida. Santa Catarina tem apresentado variações no número de casos confirmados de meningite nos últimos anos. De 2021 a 2023, o aumento foi de 177%, registrando respectivamente, 358, 573 e 993 casos. Em 2024, esse número baixou para 762 confirmações. E, no primeiro quadrimestre de 2025, foram registrados 180 casos, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado.

Além desse risco de mortalidade preocupante, a enfermidade pode trazer sequelas para o resto da vida do paciente e trazer a necessidade de intervenções cirúrgicas complexas. De acordo com o Dr. Raphael Bertani, médico neurocirurgião, pesquisador científico e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), a situação é preocupante – passados 5 anos do começo da pandemia de Covid – que hábitos tão fundamentais estejam sendo negligenciados.

“Este aumento tem várias causas. A principal é que menos crianças estão sendo vacinadas. Em São Paulo, apenas 81,3% das crianças menores de 1 ano receberam a vacina contra meningite. O ideal seria uma taxa de cobertura de 95%. E também, após a pandemia, muitas pessoas deixaram de lado medidas de higiene como lavar as mãos frequentemente. Estima-se que cerca de 10% dos adolescentes e adultos carregam a bactéria na garganta sem ficarem doentes, mas podem transmiti-la para outras pessoas”, conta.

A meningite é uma inflamação das membranas (chamadas meninges) que envolvem e protegem o cérebro e a medula. Ela pode se manifestar por vírus, sendo geralmente menos grave, através de uma bactéria, mais perigosa e que exige tratamento imediato e por meio de um fungo, sendo uma manifestação mais rara que geralmente afeta pessoas com sistema imunológico enfraquecido, além de parasitas, reações a medicamentos, câncer e outras condições menos comuns.

Principais sintomas da meningite:

  • Febre alta repentina;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Pescoço rígido (dificuldade para mexer o pescoço);
  • Náusea e vômito;
  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Confusão mental, sonolência ou dificuldade para acordar;
  • Convulsões (em casos graves);
  • Manchas roxas na pele (principalmente em meningite meningocócica);
  • Em bebês: choro constante, moleira inchada, recusa de alimentação.

A década de 1970 foi marcada por um grande surto do mal no Brasil – são estimados 67 mil casos de doença meningocócica durante os anos de 1971 e 1976, sendo 40 mil apenas em São Paulo. E recentemente, entre 2010 e 2024, foram registrados mais de 240 mil casos de meningite com o número alarmante de 23.170 óbitos confirmados.

“A vacinação completa e hábitos de higiene adequados, especialmente entre profissionais de saúde e pessoas que tiveram contato com pacientes são fundamentais para evitar a ocorrência e disseminação da meningite”, explica.

Intervenção

Uma das complicações mais graves causadas pela meningite é o aumento da pressão dentro do crânio. Em ambos os casos, o monitoramento constante e a intervenção precoce são essenciais para evitar danos cerebrais permanentes.

“Acabam sendo necessárias medidas como o monitoramento da pressão dentro da cabeça, a drenagem acúmulo de pus, a colocação de uma válvula para retirar o excesso de líquido do cérebro, ou aliviar a pressão dentro do crânio. A hipertensão intracraniana pode se desenvolver de forma fulminante, em questão de horas e poucos dias, ou de forma gradativa, ao longo das semanas. Quando é rápido, os sinais de alerta incluem vômitos em jato, dores de cabeça intensas que pioram ao deitar e alterações na visão. Na forma lenta, as crianças podem manifestar aumento no tamanho da cabeça e todos os pacientes podem ter dores de cabeça, mudanças sutis de comportamento e sonolência crescente”, explicou Bertani.

O neurocirurgião diz que o futuro da intervenção cirúrgica especializada é animador. Novas tecnologias, tanto brasileiras como estrangeiras, abrem o caminho para um mundo de possibilidades onde a taxa de mortalidade é menor e as sequelas são mais raras.

“Estamos falando de cateteres de última geração, que permitem um fluxo mais constante e reduzem drasticamente o risco de obstrução. Isso é crucial para evitar que cateteres sejam obstruídos, complicação que pode ser fatal. Existem também válvulas programáveis para hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) que podem ser ajustadas externamente sem necessidade de nova cirurgia. Ainda, em casos de crianças com hidrocefalia, novas técnicas de reconstrução do crânio permitem um desenvolvimento mais normal da cabeça, com melhor resultado estético e funcional para o paciente”, finaliza.

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Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.