Em 1268, a Igreja Católica enfrentou um dos períodos mais conturbados da história. Após a morte do Papa Clemente IV, os cardeais se reuniram no Palácio Papal de Viterbo, o Vaticano da época, na Itália, para eleger seu sucessor. O que parecia ser uma tarefa já naturalmente difícil se tornou uma verdadeira maratona política, marcada por intensas disputas e alianças que levaram a uma espera impressionante de 1.006 dias – a escolha mais demorada de um pontífice na história.
As divergências entre os cardeais, especialmente entre italianos e franceses, dificultaram qualquer acordo. A pressão externa também não ajudava: reis e nobres tentavam influenciar a decisão, buscando garantir que o próximo papa favorecesse seus interesses políticos.
Os meses se transformaram em anos, e a paciência da população local se esgotou. Em um ato desesperado para acelerar a decisão, os cidadãos de Viterbo trancaram os cardeais em uma sala do palácio e fecharam a porta a chave (daí a origem do nome conclave). A situação se arrastou tanto que dois cardeais chegaram a falecer de velhice antes que o processo fosse concluído. A população, ainda mais revoltada, removendo o teto para expô-los às intempéries e reduzindo a alimentação para apenas pão e água.
Somente em 1º de setembro de 1271, quase três anos após o início do processo, o conclave elegeu o Papa Gregório X, que, em resposta ao caos vivido, instituiu oficialmente o sistema de conclave como conhecemos hoje – um encontro fechado dos cardeais para escolher o novo líder da Igreja, evitando influências externas e forçando uma decisão mais rápida.
Esse evento histórico não apenas moldou a forma como a Igreja Católica escolhe seus líderes até hoje, mas também demonstrou como a política e a fé se entrelaçam profundamente nas decisões que moldam a história.