Por volta das 7h da manhã de terça-feira (22), uma cena para lá de inusitada chamou a atenção de quem passava pela região central de Jaraguá do Sul, próximo ao cemitério municipal. Uma cobra de dois metros de comprimento resolveu tentar pegar carona, e escolheu nada menos que o motor de um carro para se abrigar.
O resgate foi realizado pelo biólogo Cristian Raboch Lempek, conhecido por atuar em ocorrências envolvendo a fauna silvestre na cidade. Segundo ele, a serpente da espécie caninana estava bem escondida e, como ele mesmo descreveu, “gostava de dar umas grampeadas”.
“Conforme eu ia puxando, ela ia se prendendo cada vez mais, ela acabou prendendo o rabo. Para não machucar ela, eu tive que soltar o bicho e resgatar ela atrás do carro, na região do para-choque”, relatou Cristian em vídeo publicado nas redes.
Para o resgate ser concluído com segurança, o biólogo contou com a ajuda do amigo Fernando, que havia feito o chamado. A dupla conseguiu retirar a cobra ilesa – e ainda encantada com a ideia de seguir caminho no asfalto.
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Apesar do tamanho intimidador e do temperamento “bravinho” na hora do resgate, a caninana não representa risco letal para os humanos. Como explica Cristian, ela não é venenosa.
“Ela pode morder, pode se defender, mas não tem veneno. Gosta de comer ratos, filhotes de passarinho, esses bichos menores”, afirma o biólogo.
Segundo Cristian, resgatar uma serpente dentro do motor de um carro não é algo comum, mas já aconteceu antes, especialmente com espécies arborícolas como a própria caninana ou a cobra-cebó. “Elas gostam de lugares altos, escuros, mais protegidos. Às vezes, um motor quente acaba sendo atrativo.”
No fim do resgate, a cobra apareceu bem mais tranquila e até serena. “Depois ela ficou calma, fascinada, louca para voltar para a natureza”, concluiu o biólogo, antes de soltar a ‘passageira clandestina’ em seu habitat natural.
Foto: Divulgação/Redes sociais
Conheça mais sobre a cobra caninana
A caninana (Spilotes pullatus) é uma serpente brasileira cheia de peculiaridades. Apesar da aparência intimidadora e do comportamento agitado quando se sente ameaçada, ela não é venenosa e, na verdade, é considerada uma grande aliada no controle de pragas, pois se alimenta de roedores, aves e pequenos répteis.
Foto: Luan Alves Chaves/Wikimedia Commons
É uma das cobras mais rápidas da fauna nacional, podendo se deslocar com agilidade tanto no chão quanto em árvores, o que faz dela uma excelente caçadora. Seu nome curioso vem do tupi-guarani e significa “cobra feroz” ou “cobra que grita”, em alusão ao comportamento defensivo e à vocalização que emite ao se irritar.
Comum em áreas de mata, sítios e até cidades, a caninana pode chegar a impressionantes 3 metros de comprimento, embora o mais frequente sejam exemplares entre 1,5 e 2 metros.