Vivemos a era da informação, mas, assistimos a um retorno coletivo ao mito da Caverna de Platão. Aqueles que não cultivam o hábito diário da leitura profunda estão, cada vez mais, acorrentados às sombras digitais projetadas por algoritmos. Redes sociais, recomendações automatizadas e conteúdos superficiais formam as novas paredes da caverna, onde as pessoas confundem reverberações distorcidas com a realidade.
Os algoritmos não são neutros: eles amplificam preconceitos, reforçam bolhas ideológicas e reduzem o conhecimento a fragmentos aditivos. Quem delega seu pensamento a essas máquinas de curadoria vive uma ilusão de autonomia, como os prisioneiros de Platão, que julgavam as sombras como a totalidade do mundo. A tragédia moderna é que, mesmo com acesso ilimitado ao conhecimento, muitos preferem o conforto das trevas digitais à luz crítica da leitura e da reflexão.
Sem leitura, perde-se a capacidade de interpretar nuances, contextualizar informações e resistir à manipulação. A caverna algorítmica é mais perigosa que a de Platão porque seus grilhões são invisíveis, e seus prisioneiros, voluntários.
Romper essas correntes exige esforço: buscar fontes diversas, questionar o que é imposto como “verdade” e, sobretudo, resgatar o pensamento livre das sombras do feed. Enquanto isso não acontecer, seguiremos trocando a filosofia pelo like, o senso crítico pela pseudo doutrina, e a sabedoria pelo viral.