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Campanha de Bolsonaro para eleger maioria no Senado e preocupa STF

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: OCPNews Brasilia

14/03/2025 - 14:03 - Atualizada em: 14/03/2025 - 14:28

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem reiterado que sua principal missão como líder da direita é eleger um número expressivo de candidatos ao Senado em 2026, visando a maioria no plenário no ano seguinte. Como o eleitor poderá votar em dois nomes, o ex-presidente espera, sempre que possível, dobrar a opção conservadora. A corrida pela definição dos candidatos já começou e deve ser intensificada com a manifestação do próximo domingo (16) no Rio de Janeiro, onde possíveis candidatos estarão presentes.

Com 54 das 81 cadeiras do Senado em disputa, o ex-presidente tem intensificado as suas ações desde o fim das eleições municipais para definir o quanto antes quais serão as candidaturas majoritárias e competitivas do PL – e até de outras siglas – em todos os estados mais o Distrito Federal.

O foco dessa estratégia é consolidar um novo perfil para o Senado, inclinado à direita, de modo a garantir a escolha do próximo presidente da Casa com essa característica e, assim, viabilizar a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Atualmente, a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado composta por senadores de direita e centro-direita representa pouco mais de um terço dos 81 parlamentares, variando entre 28 e 35 votos contrários à esquerda, conforme o histórico de votações. Considerando apenas os blocos partidários, o Aliança (PP-Republicanos) e o Vanguarda (PL-Novo), eles são apenas 25 senadores.

A esse grupo, somam-se até 10 oposicionistas e independentes de legendas como União Brasil, Podemos, PSDB e até PSD, mas o total ainda insuficiente para alcançar a maioria de 41 votos no plenário. Por causa disso e pela indisposição do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco de entrar em confronto com o STF, nenhum projeto para limitar os poderes da Corte chegou a ter chance de ser aprovado no Senado.

Bolsonaro vem revelando aos poucos os nomes que pode escolher para representar o PL no Senado em 2027. Alguns deles devem estar na manifestação na praia de Copacabana, no Rio, onde devem receber a chancela pública do ex-presidente. São eles os deputados federais Coronel Zucco (RS), Ubiratan Sanderson (RS), Julia Zanatta (SC) e Caroline De Toni (SC).

Outro nome já definido é o do senador Marcos Rogério, que deve ser o representante de Rondônia junto com o pecuarista Bruno Scheidt.

O deputado Capitão Alberto Neto deve ser um dos nomes do Amazonas. Ele afirmou à Gazeta do Povo que sua candidatura ao Senado, indicada por Bolsonaro, integra o esforço da direita para obter a maioria na Casa. “O Brasil precisa de um Senado forte, com coragem de enfrentar o STF e garantir a harmonia entre os poderes”.

No próprio Rio de Janeiro, o nome forte é o do filho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL). Ele não revelou quem seria o segundo nome que vai apoiar, mas o governador Cláudio Castro (PL) está no páreo. Atualmente o Rio tem três senadores do PL. Flávio e Carlos Portinho terminam o mandato em 2026 e Romário segue até 2030.

No Distrito Federal, a deputada Bia Kicis pode fazer campanha ao lado da mulher de Bolsonaro, Michelle. O senador Izalci Lucas, também do PL, que termina seu mandato em 2026, pode ficar sem apoio.

Para São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o PL já lidera as intenções de voto para o Senado, com o deputado Eduardo Bolsonaro com um terço dos eleitores (33,1%), segundo pesquisa de fevereiro do instituto Paraná Pesquisas. Ele foi citado por 25,5% dos entrevistados como primeira opção.

Em segundo lugar, aparece outro nome de destaque da direita, o secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), escolhido por 17,6%. Eleito deputado em 2022, o policial militar da reserva licenciou-se da Câmara para integrar o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, a pesquisa do Instituto Paraná ouviu 1.650 eleitores em 86 municípios paulistas entre os dias 20 e 23 de fevereiro. O grau de confiança do levantamento é de 95%. O senador Marcos Pontes, do PL de São Paulo, segue no seu mandato até 2030.

A declaração do ex-presidente foi vista por alguns como um possível veto à intenção do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de concorrer ao Senado. O parlamentar depende da aprovação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduziria a idade mínima para senadores de 35 para 30 anos.

Da tribuna, Nikolas declarou nesta quarta-feira (12) que a renovação do Senado é a única mudança efetiva em favor do país, pois cria a chance de conter excessos do STF. “Ministros da mais alta Corte extrapolam funções públicas sem constrangimento, sugerindo que a impunidade compensa”.

Ele propôs ainda critério determinante para escolher candidatos ao Senado em 2026: o comprometimento com a abertura e aprovação de processos de impeachment contra ministros do STF. “O atual cenário é obra de políticos experientes”, disse, reforçando implicitamente o seu desejo de concorrer.

Na sequência da manifestação de Copacabana, Bolsonaro está organizando uma série de eventos pelo Brasil nos próximos meses. O deputado Filipe Barros, do PL do Paraná, afirmou à coluna Entrelinhas que será também candidato ao Senado em 2026. Bolsonaro estará no lançamento de sua candidatura em Curitiba nas próximas semanas, segundo ele.

Com pauta voltada também à eleição de senadores, a investida seguinte deve ser um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, de 6 de abril.

No Rio Grande do Norte, o senador Rogério Marinho promoverá o projeto “Rota 22”, com lançamento previsto para 11 e 12 de abril, evento para o qual Bolsonaro já foi convidado. A iniciativa visa consolidar o PL como a principal força de oposição no estado e pode servir como modelo para outras regiões. Marinho segue no mandato até 2030 e deve ajudar a indicar os nomes a serem apoiados no estado.

A perspectiva de maioria conservadora no Senado anima Bolsonaro e seus aliados, que enxergam nela a chance efetiva de conter o ativismo judicial e a perseguição à direita. “Dê-me 50% da Câmara e 50% do Senado em 2026, que eu mudo o destino do Brasil”, anotou o ex-presidente nas redes sociais.

A mobilização por um Senado independente preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do STF que atuam em parceria com o governo. Segundo uma nota do jornal O Globo no domingo (9), um juiz da Corte que não teve o nome revelado estaria conversando com governadores para convencê-los a se candidatarem ao Senado para conter a onda conservadora.

A revelação gerou forte reação nas redes sociais contra a atuação política de ministros do STF, algo proibido pela Constituição e pelo Estatuto da Magistratura. Para o jurista André Marsiglia, a interferência é caso de impeachment, com crimes de responsabilidade previstos na lei 1.079/1950.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), condenou a alegada atuação de um magistrado para indicar candidatos ao Senado, a chamando de “mais novo episódio do ativismo político no STF”. “Sem observar a independência dos poderes, desestabilizamos a democracia”, afirmou.

O ex-deputado e ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, criticou a “demarcação de território” por juiz na eleição ao Senado. “Eis mais uma função inédita de ministro do STF: dirigente partidário. Só falta dividir fundo eleitoral aos candidatos que quer eleger”.

Bolsonaro tem recomendado a escolha de uma dupla de candidatos ao Senado no campo da direita, com o primeiro impulsionando o segundo. Para barrar a tendência, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), propôs PEC que acaba com a votação em dois nomes ao Senado em eleições alternadas, dando uma vaga ao segundo mais votado.

* Com informações da Gazeta do Povo.

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