É o retrato da mais autêntica festa brasileira. Enquanto fenômeno social, é uma manifestação complexa que reflete as contradições e dinâmicas da sociedade brasileira. Por um lado, celebra a diversidade, a criatividade e a resistência de tradições populares, muitas delas enraizadas em matrizes africanas e indígenas. Por outro, reproduz desigualdades e contradições, como a apropriação cultural, a exploração comercial e a marginalização de grupos que deram origem a essas expressões. Sua importância reside na capacidade de reunir pessoas em torno de uma identidade coletiva, ainda que temporária, e de servir como válvula de escape para tensões sociais, permitindo a inversão simbólica de papéis e hierarquias.
No entanto, o Carnaval também evidencia a segregação espacial e social: enquanto as elites frequentam bailes caros ou camarotes, as periferias mantêm suas próprias festas, muitas vezes com menos visibilidade e recursos. A crítica sociológica deve apontar para a necessidade de democratizar o acesso e valorizar as raízes populares dessa festa, combatendo o apagamento histórico das culturas negras e indígenas.
Para quem não gosta do Carnaval, a atitude mais construtiva é respeitar sua dimensão cultural e social, reconhecendo que, embora não seja uma celebração universal, ela carrega significados profundos para muitos. Evitar julgamentos moralistas ou elitistas é essencial, assim como buscar compreender as múltiplas camadas que compõem essa festa. Afinal, o Carnaval é um espelho da sociedade: reflete suas alegrias, contradições e desafios. É um dos nossos grandes patrimônios culturais, reconhecido no mundo todo. Viva a alegria!