Faz muitos anos… Eu estava para sair com o bloco carnavalesco do Clube Náutico Gaúcho, em Porto Alegre. Estávamos esperando a chega dos ônibus que nos iam leva para o desfile. Enquanto o pessoal do bloco esperava pela hora de sair, muitos bebericavam uma bebidinha para ficar mais soltos… Lá pelas tantas, um sócio do clube chegou-se ao nosso grupo e começou a conversar. Certa altura, ele fez uma frase que nunca mais esqueci. Ele disse que o verdadeiro carnavalesco é a pessoa que faz carnaval o ano todo… E perguntou: – “Por que você estão aqui, por que num bloco de carnaval”? O pessoal ficou quieto. O cidadão foi adiante e nos disse que o verdadeiro carnavalesco é quem canta, dança, brinca, se engaja em grupos sociais o ano todo, não apenas nos dias determinados pelo calendário. Incontestável verdade. De fato, por que razão a alegria, a folia, a felicidade na vida precisam de datas marcadas? É o que fazemos ao longo da vida, poucos saem desse bloco dos sujos, bloco dos que colocam a felicidade em datas ou em momentos especiais na vida. – “Quando eu for, quando eu tiver, quando eu me formar, quando eu casar…”. E assim eternamente. Colocamos a felicidade, os prazeres sempre num calendário ou diante de uma eventual e grande conquista. Se pararmos para pensar, o carnaval não é outra coisa senão um grupo de pessoas com o mesmo objetivo, cantar, dançar, soltar-se, e o relógio da vida que fique na gaveta… Já pesei incontáveis vezes sobre nós e o tempo. Imaginei uma vida sem relógios, sem calendários, sem aniversários, uma vida vivida em linha reta. Como reagiríamos diante dessa vida sem datas marcadas, sem o carimbo de ser velho ou jovem? Vivemos por condicionamentos criados por nós mesmos. Mas esses condicionamentos podem ser derrubados no silêncio interno de nossas vidas. Somos livres para dar uma figa para muitas das convenções sociais, invenções, criações levianas. Ah, e dentro de nós o Rei Momo está sempre acordado, é só dizer a ele: – Vamos cair na folia, sem data e sem parar? Ele salta da cama. Começaríamos a viver, sem precisar de máscaras…
GÊNIO
Bill Gates, 79, americano que criou a Microsoft, diz na sua biografia que já foi incontáveis vezes chamado de gênio. E ele diz que de gênio não tem nada, tem de obstinado, de inabalável nas idéias dele. E passa esse conselho aos jovens, serem obstinados diante de seus propósitos, essa obstinação leva muitas pessoas a serem chamadas de gênio. Gates tem razão, alguém achar que chegar ao sucesso é coisa de gênio sem obstinação nem muito suor revela a pequenez da pessoa.
REPETIÇÃO
Comecei minha carreira de narrador esportivo narrando jogos de basquete na Rádio Porto Alegre, emissora só de esportes amadores. Convivi muito de perto com os melhores “grandalhões” do esporte da cesta. E todos eles, os melhores cestinhas, passavam horas e horas por semana treinando lances livres. Na hora do jogo, muitos os chamavam de “sortudos”, acertavam todas as bolas arremessadas. Muitos pensam que craques nascem feitos. Eles são feitos nos treinos e nas obstinações. Vale para nós, em tudo.
FALTA DIZER
Um conselho para os jovens? – “Saiam da linha! Da linha dos iguais, dos que não se cuidam no vestir, no falar, dos que se engajam em curtidas e influencers vazios, sem qualidade nem bons exemplos. Andem na contramão, zelosos pelos valores da educação moral e cívica. Irão longe”! Aliás, quem têm que dizer isso são os papais…