Na minha turma de Engenharia Mecânica da UFSC, do segundo semestre de 1975, éramos dezenove homens e uma única mulher, “em tempos” que corria uma piada, na qual DEUS perguntava às moças se elas queriam ser bonitas ou … cursar Engenharia … sim, pois querer os dois, “não havia como” !!! … rsrsrs …
Anos depois, em 1983 cofundei a ARCO-ÍRIS, uma indústria de biscoitos, pães de mel e, atualmente, também, de pipocas coloridas. Pois, tenho o orgulho de dizer que, em quase toda a sua história, homens lá só houve eu, o entregador e um-outro operador dos fornos. As demais colaboradores, todas-todas, só mulheres, inclusive a atual Presidente da Empresa, a minha filha, a Engenheira de Alimentos Larissa Franzner Da Silva.
Assim, dedico esta coluna àqueles pais, que têm filhos e filhas, na fase de inserção no mercado de trabalho, em especial, em áreas mais tecnológicas e/ou fabris, quando é muito frequente, aliás, extremamente comum entre as mulheres, a famosa “Síndrome do Impostor”, fazendo-as até declinar na disputa por vagas de trabalho, com a famosa argumentação de que elas “não têm tudo o que estão pedindo”.
Sim, muitas sentem, por não se “acharem o suficiente”, que não merecem competir, mormente, por cargos de gestão, mesmo tendo todas as evidências ao contrário.
Quanto a essa realidade, segundo um estudo da KPMG, 75% das mulheres em cargos de liderança já experimentaram a “Síndrome do Impostor” em algum momento de suas carreiras.
E sabem o que é pior ?!?
Isso não acontece porque elas são menos competentes – na verdade, pesquisas mostram que as mulheres são frequentemente mais qualificadas do que os homens para os mesmos cargos. A questão está na forma como somos socialmente moldados.
A sociedade cobra das mulheres perfeição, enquanto dá aos homens permissão para arriscar e errar – e a ciência até conhece o momento em que isso acontece: entre os 10-12 anos de idade, quando se cria a separação da “princesa” e do “herói”.
O conceito “lacuna de confiança” descreve esta situação, mostrando como, a partir da pré-adolescência, as meninas começam a apresentar menor autoconfiança em relação aos meninos, mesmo quando têm o mesmo ou maior nível de competência.
A sociedade cobra das mulheres, a partir da pré-adolescência, perfeição, enquanto dá aos homens permissão para arriscar e errar.
Desde cedo, elas, as meninas, muitas vezes, precisam “provar” o seu valor, que é estar à altura de uma “princesa”. Enquanto isso, os meninos crescem ouvindo que já nasceram prontos para enfrentar qualquer batalha.
Este fator (presente na maioria das culturas) cria uma barreira invisível, mas poderosa, que afeta a confiança das mulheres durante toda a sua vida, pessoal e profissionalmente.
Enfim, pais e líderes têm um papel importantíssimo em mudar esse cenário.
Como pais, desconstruindo os mitos e arquétipos, dando para meninas e meninos o mesmo encorajamento e empoderamento para serem “realezas” ou “heróis”. O que elas e eles definirem como felicidade, é função dos pais apoiarem.
Como líderes, reconhecendo e validando os talentos femininos e criando ambientes onde elas possam falhar, aprender e crescer sem o julgamento que os seus pares homens não carregam nos ombros.
Ainda, lembrar a cada talento do seu time, constantemente, que cada qual está exatamente onde deveria estar, pois foi a competência, com mérito, esforço e resiliência, que o/a trouxe até aqui, não sorte ou gênero.
Quanto a isso, na última edição do Golden Globes, a atriz Demi Moore fez um discurso inspirador sobre como ela rompeu barreiras impostas a ela ao longo da carreira. Ela falou sobre os desafios enfrentados como mulher em Hollywood (mesmo lá, incrível !!!) e como precisou lutar contra rótulos e expectativas para se consolidar como atriz e produtora.
Que seu exemplo inspire, muito-muito, pais/mães e líderes empresariais !!! Oxalá !!!
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