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Volta às aulas: como ajudar a criança a se adaptar à nova rotina

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

27/01/2025 - 14:01 - Atualizada em: 27/01/2025 - 14:38

Com o fim das férias escolares, muitas famílias enfrentam o desafio de ajudar as crianças a se readaptarem à rotina escolar. O processo pode ser ainda mais delicado para aquelas que estão indo à escola pela primeira vez. A transição requer um olhar atento e paciência por parte dos pais e educadores.

De acordo com a pediatra Bruna de Paula, a preparação para o retorno às aulas é fundamental para que a criança consiga se ajustar à nova rotina de forma tranquila e sem grandes dificuldades.

“Esse processo deve ser planejado com antecedência, começando com, no mínimo, uma semana antes do início das aulas. Esse período permite ajustes gradativos nos horários e atividades, reduzindo o impacto das mudanças e prevenindo estresse desnecessário. Uma das primeiras etapas é ajustar o horário de sono da criança. Gradualmente, os pais devem antecipar o horário de dormir e acordar, aproximando-o do padrão escolar. Além disso, reintroduzir uma rotina matinal, como levantar, tomar café da manhã e se preparar para o dia, pode ajudar a criar uma sensação de normalidade e preparar a criança psicologicamente para o retorno”, explica a médica.

A pediatra acrescenta, “outro ponto importante é a organização dos materiais escolares. Envolver a criança nesse processo, como escolher cadernos ou personalizar a mochila, pode deixá-la mais animada e conectada ao momento. Conversar sobre o retorno às aulas também é essencial”, indica.

“Pais podem abordar temas como reencontrar amigos, conhecer professores e participar de novas atividades. Essas conversas ajudam a reduzir a ansiedade, especialmente para crianças que podem estar nervosas ou incertas sobre o que esperar”, frisa a profissional.

Indo à escola pela primeira vez

A preparação para a primeira ida da criança à escola exige atenção, paciência e cuidado, pois envolve mudanças significativas na rotina, como adaptação a novos ambientes, pessoas e experiências. Bruna destaca que um dos passos iniciais é familiarizá-la com a escola.

“Realizar visitas ao local, conhecer professores e explorar o ambiente ajuda a reduzir a ansiedade. Conversar sobre a escola de forma positiva e animada também é essencial para despertar o interesse da criança. Paralelamente, ajuste gradualmente os horários de sono e alimentação para alinhar com a rotina escolar. E durante todo o processo, ouça e valide os sentimentos dela, reforçando que é normal sentir medo, mas que ela logo se sentirá confortável”, disse.

Adaptação no primeiro ano letivo

É muito comum que as crianças chorem nos primeiros dias de escola, pois a experiência de se separar dos pais e estar em um ambiente desconhecido pode ser assustadora para elas.

Nesse momento, o mais importante é criar um ambiente de apoio e segurança para a criança, ajudando-a a se adaptar de forma gradual e acolhedora. A pediatra lista algumas orientações sobre como lidar com isso:

  • Ofereça suporte emocional: não deixe a criança chorar sozinha; mostre compreensão e apoio. Reforce que a escola é um ambiente seguro;
  • Estabeleça um ritual de despedida breve, mas afetuoso (abraço, beijo ou frase carinhosa). Seja calmo e consistente para minimizar a ansiedade;
  • Respeite o tempo da criança. Cada criança tem seu ritmo de adaptação. Comece com períodos mais curtos na escola e aumente gradualmente;
  • Ofereça apoio emocional inicial. Se possível, fique na escola nos primeiros dias (caso permitido), ajudando na transição. Sua presença inicial pode transmitir segurança;
  • Mantenha comunicação com os educadores. Informe os professores sobre os sentimentos da criança. Acompanhe as atualizações sobre o comportamento dela;
  • Garanta que buscará a criança depois. Seja firme ao dizer que voltará no final do dia. Evite ceder ao levar a criança para casa em meio ao choro;
  • Prepare a criança com antecedência. Fale sobre a escola de maneira positiva e animada. Explique o que ela pode esperar: amigos, brinquedos e atividades;
  • Valide os sentimentos da criança. Reforce que é normal sentir medo ou saudades. Ajude-a a entender e lidar com suas emoções;
  • Adapte a rotina gradualmente. Ajuste horários de entrada e saída para facilitar a adaptação.

Observe os comportamentos

Bruna ressalta que nos primeiros dias de adaptação à escola, além do choro, é possível que a criança apresente outros comportamentos que indicam sua dificuldade em lidar com a nova experiência.

“Além do choro, as crianças podem apresentar comportamentos como agressividade ou irritabilidade, regressão a hábitos já superados (como pedir colo ou molhar a cama), dificuldades para se alimentar devido ao estresse, queixas físicas como dor de barriga ou cabeça, e apego excessivo aos pais, buscando conforto e segurança. Também podem ter dificuldade em se concentrar nas atividades, medo de interagir com colegas ou professores, e problemas para dormir, como insônia ou pesadelos causados pela ansiedade”.

Esses comportamentos são normais e geralmente temporários, refletindo o esforço da criança para lidar com a nova rotina e ambiente.

“O papel dos pais e educadores é oferecer paciência, apoio e compreensão, ajudando a criança a se sentir segura e validando seus sentimentos. Com o tempo, à medida que a criança se sente mais confiante, esses comportamentos tendem a desaparecer”, explica a profissional.

Tempo ideal para a adaptação

Sobre o tempo da adaptação escolar, a médica ressalta que pode variar de criança para criança, dependendo de fatores como personalidade, idade, experiências anteriores, suporte familiar e o ambiente escolar.

Enquanto algumas crianças se adaptam em poucos dias ou semanas, outras podem levar mais tempo. Crianças mais novas, especialmente as que ingressam no ensino infantil, podem enfrentar maior dificuldade devido à separação dos pais, enquanto crianças mais velhas geralmente possuem habilidades emocionais mais desenvolvidas, mas ainda podem precisar de tempo.

O temperamento também influencia: crianças tímidas, ansiosas ou sensíveis tendem a demorar mais, enquanto as mais extrovertidas se ajustam com mais facilidade. Experiências prévias em creches ou ambientes similares ajudam na transição, enquanto a falta delas pode exigir uma adaptação mais gradual.

“A adaptação pode levar de semanas a até dois meses, e se as dificuldades persistirem, pode ser necessário investigar possíveis questões emocionais ou ajustar práticas escolares”, conclui a médica.

O mais importante é que a criança se sinta segura e amparada durante essa transição, respeitando seu tempo e necessidades individuais.

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Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.