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O que é o anarcocapitalismo, ideologia defendida por Javier Milei

Javier Milei

Foto: Instagram/Reprodução

Por: OCP News Joinville

07/01/2025 - 11:01 - Atualizada em: 07/01/2025 - 11:20

O anarcocapitalismo, frequentemente associado ao economista e político argentino JavierMilei, é uma ideologia política e econômica que defende a total ausência de um Estado e a substituição de suas funções por mecanismos privados e voluntários.

Essa corrente de pensamento se fundamenta na ideia de que a propriedade privada e o livre mercado são os pilares da organização social e que a intervenção estatal, em qualquer forma, é desnecessária e prejudicial.

A base teórica do anarcocapitalismo está profundamente enraizada na Escola Austríaca de Economia, que, por sua vez, tem suas origens na Escola de Salamanca, um movimento intelectual do século XVI que explorou questões sobre a moralidade do comércio, a propriedade e o valor econômico.

Conheça, portanto, evolução desse pensamento, seus principais pensadores e defensores ao longo do tempo, além de alguns brasileiros que se identificam com essa ideologia.

 

As origens na Escolástica de Salamanca

A Escolástica de Salamanca, desenvolvida por teólogos e filósofos espanhóis como Francisco de Vitoria e Juan de Mariana, é considerada uma precursora do pensamento econômico moderno. Esses estudiosos investigaram conceitos como o preço justo, a moralidade do lucro e a legitimidade da propriedade privada.

Embora não defendessem explicitamente o anarcocapitalismo, suas ideias sobre a liberdade econômica e os limites morais do poder estatal influenciaram pensadores posteriores da Escola Austríaca. Esse movimento surgiria no final do século XIX, com base na defesa da liberdade individual e do funcionamento espontâneo dos mercados.

 

A Escola Austríaca de Economia

A Escola Austríaca, fundada por Carl Menger, se consolidou como uma corrente econômica que rejeita a intervenção estatal e enfatiza a importância do indivíduo no processo econômico. Ludwig von Mises, um dos maiores expoentes dessa escola, argumentava que a economia deve ser guiada por escolhas individuais em um mercado livre, sem coerção estatal.

Ludwig Von Mises, um dos principais nomes da Escola Austríaca

Friedrich Hayek, outro proeminente membro da Escola Austríaca, ficou conhecido por suas críticas ao planejamento centralizado e por defender que o mercado é um mecanismo superior de coordenação social devido à sua capacidade de processar informações descentralizadas. Embora Hayek não fosse anarcocapitalista, suas ideias influenciaram profundamente essa corrente.

 

O desenvolvimento do anarcocapitalismo

O termo “anarcocapitalismo” foi popularizado por Murray Rothbard, economista e filósofo que combinou os princípios da Escola Austríaca com a tradição libertária norte-americana. Rothbard argumentava que todas as funções desempenhadas pelo Estado, incluindo segurança, justiça e infraestrutura, poderiam ser realizadas de forma mais eficiente por empresas e associações privadas em um ambiente de mercado competitivo.

Jesús Huerta de Soto, um economista espanhol, também é um importante defensor do anarcocapitalismo. Ele destaca a incompatibilidade entre a liberdade econômica e a existência de um Estado, argumentando que o mercado é capaz de oferecer soluções melhores e mais éticas para os problemas sociais.

Hans-Hermann Hoppe, outro nome central no anarcocapitalismo, desenvolveu teorias sobre como comunidades privadas poderiam substituir os Estados-nação, baseando-se em princípios de propriedade e associações voluntárias. Ele também é autor do best-seller “Democracia: o Deus que Falhou”.

 

O anarcocapitalismo no Brasil

No Brasil, o anarcocapitalismo tem ganhado popularidade nos últimos anos, especialmente através de influenciadores digitais e pensadores independentes. Raphaël Lima, criador do canal Ideias Radicais, é um dos mais conhecidos defensores da ideologia no país, divulgando conteúdos sobre liberdade individual, mercado livre e a eliminação do Estado.

Outro influenciador que se destaca é o canal Ancapsu (de Peter Turguniev, pseudônimo de Ricardo Albuquerque), que aborda o anarcocapitalismo de forma didática, explicando como essa filosofia se aplica a diversos aspectos da vida cotidiana e da economia. Esses divulgadores têm contribuído para popularizar o debate sobre o papel do Estado e a liberdade econômica no Brasil.

 

Críticas e Controvérsias

Embora o anarcocapitalismo tenha ganhado adeptos em todo o mundo, ele enfrenta críticas tanto de liberais quanto de defensores do intervencionismo estatal. Entre as principais objeções estão:

1. A viabilidade prática: Críticos argumentam que seria impossível manter a ordem em uma sociedade sem um Estado, especialmente em áreas como segurança e justiça.

2. Concentração de poder: Há temores de que a ausência de um Estado possa levar à formação de monopólios privados que poderiam ser tão ou mais opressivos do que governos.

3. Questões de desigualdade: Alguns acreditam que a falta de um ente regulador agravaria a desigualdade social, deixando os mais vulneráveis sem proteção.

 

Os anarcocapitalistas, no entanto, respondem que o mercado, sendo competitivo e baseado no voluntarismo, seria mais justo e eficiente do que qualquer governo coercitivo.

 

Javier Milei e a defesa do anarcocapitalismo

Javier Milei, economista e presidente da Argentina, trouxe o anarcocapitalismo para os holofotes na América Latina. Embora seu discurso político frequentemente combine elementos do libertarianismo com críticas ao socialismo, ele defende abertamente a eliminação do Estado e a descentralização da economia como soluções para os problemas estruturais de seu país.

Milei argumenta que o Estado é a principal fonte de corrupção e ineficiência e que sua eliminação abriria caminho para o desenvolvimento econômico e a liberdade individual. Sua eleição representa um marco no avanço do anarcocapitalismo como um movimento político em vez de apenas uma filosofia teórica.

 

Ideologia que desafia convenções

O anarcocapitalismo é uma ideologia que desafia as convenções sobre o papel do Estado e a organização social. Com raízes na Escola Austríaca de Economia e influências da Escolástica de Salamanca, ele propõe uma sociedade baseada na liberdade individual, no mercado livre e na ausência de coerção estatal.

Embora continue sendo uma filosofia controversa, seu crescimento em popularidade, impulsionado por figuras como Javier Milei e influenciadores no Brasil, indica que o debate sobre a relação entre liberdade e governo está longe de terminar.

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