O relógio marcou quatro horas da tarde. Arrumei o pelego na cadeira, preparei o chimarrão, liguei a TV e fui ver o “Sem Censura”, no Canal Brasil, com a Cissa Guimarães. Beleza. Uma das entrevistadas do programa era a Luana Piovani. Conhecia a Luana das novelas, dos shows, nada mais. Descobri uma Luana que eu não conhecia, interessante. Durante o programa, Luana reafirmou uma verdade de que muito faço uso, uma verdade psicanalítica da vida cotidiana, aquela do – “Fala, se queres que te conheça”! Conheci a Luana. Firme, determinada em suas ações, em seu modo de ver vida, contando histórias interessantes, nada burlesco, questões a nos deixar pensando, como, por exemplo: o incontável número de mulheres machistas, mulheres que dão razão aos homens, mulheres que não se respeitam e mulheres que depõem até contra a independência das mulheres. Quantas mulheres admitem essa verdade? Vivo dizendo que as mulheres poderiam em poucos meses roer a corda do cabresto masculino sobre elas e mudar a história do país. Como? Votando em mulheres ou votando por elas mesmas, não pelo voto do marido ou pela corda puxada pelo pai, pelo avô, um horror de desatenção com elas mesmas. Quantas vezes já disse aqui que nós nos revelamos por todos os poros e especialmente pela fala? Num primeiro pigarro mais forte, no primeiro arroto de cerceamento ou ameaça de um vagabundo sobre a mulher, pronto, acabar ali o relacionamento. Mas não. Elas não fazem isso, por maioria, e dá no que anda por aí, Brasil campeão mundial em feminicídios e Santa Catarina líder nacional. Num casamento, numa amizade entre homem e mulher os dois devem ser iguais. São? Não mesmo, o ordinário arrota e se impõe a elas, e elas, por maioria, batem continência. Uma continência vil, degradante. Diga-me se tem cabimento mulher machista? Na Psicologia esse tipo de conduta é uma doença mental, chama-se masoquismo, um desejo inconsciente de sofrer. Ah, e outra coisa, foi-se o tempo em que a mulher que não casasse era chamada de encalhada, solteirona, essas coisas. E quem dizia isso? As mulheres “realizadas” num casamento de aparência. Hoje a mulher que escolhe ficar solteira é invejada e as arquibancadas da vida gritam para ela: heróica, brava, retumbante. À liberdade, gurias!
PRESENTES
Todo ano repito a mesma história, mas ela é necessária, o que anda por aí de gente entupida é um horror. Que ninguém faça cara de mingau ao ganhar um presente de Natal, e jamais dizer que não gostou da cor da blusa, ou coisa parecida. Quem ouvir isso, melhor é pegar de volta o presente e cair fora. Noite de Natal não é momento para gente entupida, é noite de paz, não é mesmo, Jesus?
PUDOR
Ontem, por questões de trabalho, fui almoçar numa das nossas mais celebradas praias. Restaurante elegante, porém… Horror, muitos clientes. Entra um casal, um velho, sem camisa, e uma jovem que pensei fosse bisneta dele. Era amante. O que fizeram na mesa me esclareceu tudo. Mas e o velho sem camisa? Ah, e ela tirou a blusa e ficou só de sutiã, aquilo era sutiã. Agora é assim. E quem reclamar é preconceituoso, pode ser preso. Gentalha.
FALTA DIZER
No restaurante onde almocei, beira da praia, entrou um outro casal, com dois filhos, entre 11 e 12 anos. O tempo todo em que fiquei no restaurante não vi a cara dos guris, só olhavam e mexiam no celular. Agora é isso, depois os pais canalhas se queixam de, desnorteamentos, depressões e suicídios dos jovens.