Uma representação encaminhada ao Ministério Público da Bahia acusa a cantora Claudia Leitte de intolerância religiosa, por ter alterado a letra da música “Caranguejo” durante um show em Salvador no sábado, e removido uma referência a Iemanjá, entidade das religiões de matriz africana.
As informações são da Folha de São Paulo.
A cantora trocou o verso “saudanda a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshu’a” – Jesus, em hebraico. Leitte é evangélica há 12 anos.
A representação foi encaminhada pelo advogado Hédio Silva Jr, coordenador-executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Iadfro) e por Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassa de Ogum. Para eles, a alteração da letra configuraria conduta “difamatória, degradante e discriminatória”.
Nesta quinta-feira, dia 19, foi instaurado um inquérito civil para investigar a artista por supostamente cometer intolerância religiosa.
“O procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana”, afirma a promotora Lívia Sant’Anna Vaz.
O Ministério Público levará em consideração a efetiva lesão ao patrimônio cultural e à dignidade das comunidades religiosas culturais de matriz africana. Após a apuração, poderão ser estabelecidas medidas a serem cumpridas por Claudia Leitte, como reparação de danos morais coletivos.
A música “Caranguejo”, escrita por Alan Moraes, Durval Luz, Ninho Balla e Luciano Pinto, foi lançada por Leitte em 2004, quando ela ainda era do grupo Babado Novo. Em 2014, foi adicionada ao álbum “Axémusic”