De um lado, estão os que odeiam passas, e do outro, aqueles que não conseguem imaginar a solenidade de Natal e Ano-Novo sem o complemento. Há quem coloque passas em todos os pratos nessa época: da farofa, ao pernil, nas entradinhas, no arroz e nas sobremesas…
Quando se fala da gastronomia nas festas natalinas, a polêmica vem à tona: com ou sem passas! Motivo de discussão em muitas famílias, as passas marcam presença nas saladas, farofas, no salpicao, nas sobremesas, no recheio das aves… e nos fazem pensar sobre o motivo de serem tão tradicionais nessa época.
A história do alimento é tão longa quanto rica em interpretações. Uvas-passas são mencionadas em textos do Antigo Testamento, o que confirma que elas já eram consumidas há mais de 4 mil anos. As frutas desidratadas faziam todo o sentido no mundo antes da geladeira. Uma forma de conservar o alimento por meses, e de ter frutas mesmo no rigor do inverno.
Sementes e frutas que caíam das árvores secavam naturalmente. Provavelmente, com o passar do tempo, se desenvolveram as técnicas para desidratar. Após a descoberta de um sabor intenso e um dulçor específico, passaram a ser amplamente consumidas durante a Roma Antiga. A necessidade de um alimento como as passas era ainda maior nos intensos invernos do hemisfério norte, é fácil entender por que a iguaria se tornou comum nas mesas durante os festejos de fim de ano, da mesma forma que as oleaginosas.
As uvas-passas trazem muitos benefícios para a saúde. Elas ajudam na regulação intestinal, pois são ricas em fibras. Atuam no fortalecimento imunológico, são benéficas ao coração e também têm propriedades anti-inflamatórias.
É importante falar que o consumo de passas na alimentação acontece em muitas comidas no mundo inteiro. Historicamente, elas são utilizadas em receitas salgadas e doces em diversas partes do mundo, o ingrediente ganhou lugar na mesa brasileira justamente pelo fato de o uso não ser corriqueiro.
Tecnicamente, o que interfere na cor das passas — as escuras ou aquelas mais douradas — é o processo de desidratação e não o tipo da uva. Hoje em dia, elas são feitas de uva thompson ou moscatel, na maior parte das vezes.
Precisamos compreender que gosto é algo particular e individual. E já que estamos no clima de Natal, de confraternização e família reunida, que tal deixar a polarização de lado e respeitar quem gosta e quem não gosta das passas?
Desejo que sua mesa (tendo passas ou não), seja repleta de respeito, afetividade, sonhos compartilhados e muito amor !