Iniciativa do Núcleo de Panificação e Confeitaria da Acijs em parceria com o Senai, o curso de formação de profissionais para o segmento formou sua primeira turma na quinta-feira, dia 12.
Com a entrega de certificados, os 19 alunos estão preparados para a atividade junto de empresas ou empreendendo seu próprio negócio. Após a solenidade, foi servido um coquetel de degustação com produtos fabricados pela turma de formandos.
O curso iniciou no dia 22 de outubro e somou 104 horas de treinamento, divididos entre aulas de higiene na manipulação de alimentos, orientação e preparação para o mercado de trabalho e aulas práticas de panificação e confeitaria.
A Escola de Panificação é um projeto que nasceu dentro do Núcleo de Panificação e Confeitaria da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul, a Acijs, com o objetivo de qualificar os trabalhadores do setor. As aulas são realizadas no SENAI, responsável pela metodologia pedagógica e técnica.
Capacitação atende demanda de mercado, em expansão
Líder do Núcleo de Panificação e Confeitaria da Acijs, Valdemir Michels, o Miro, lembra que há algum tempo se percebe a necessidade de preparar novos profissionais. Quadro, assinala, que reflete uma demanda do mercado no segmento, que tem mostrado um crescimento significativo e dinâmico em todo o País.
Dados do setor mostram que em 2023, houve um aumento de 14,4% no faturamento, alcançando R$ 121,09 bilhões. Esse crescimento é resultado de uma recuperação contínua após a pandemia de Covid-19, que impactou negativamente o setor em 2020 e 2021.
O curso, reforça Miro, foi pensado para atender este momento de recuperação das vendas, mas também de ir ao encontro de novas oportunidades que surgiram com a diversificação dos produtos, que continua sendo uma tendência importante com a maior procura por opções saudáveis, sustentáveis e personalizadas.
Há 25 anos no setor, como empresário e instrutor na área, João Batista dos Santos explica que o curso foi pensado para atender esta nova realidade. “Receitas mais artesanais, que remetem para o tempo das nossas avós, e o incentivo para que utilizem ingredientes regionais e tradicionais, faz com que as padarias e confeitarias, e seus profissionais, tenham mais oportunidades de oferecer algo diferente”, comenta o professor, satisfeito com o empenho da primeira turma.
Egresso da primeira turma do curso que o SENAI mantém há alguns anos em Joinville, e com experiência de ter atuado como representante técnico de empresas do setor, ele vê um campo aberto a novas capacitações. Em 2025, a ideia é oferecer uma nova turma de iniciantes e outras opções de qualificação para quem já está no mercado e deseja se aperfeiçoar.
“Existem muitas possibilidades para quem faz diferente, depois da pandemia o cliente já não se satisfaz com a mesmice de padarias e confeitarias que não inovaram. O consumidor busca cada vez mais novidades e o atendimento personalizado, a entrega em casa, mas com a pegada de produtos elaborados artesanalmente e mais saudáveis”, afirma. Padarias e profissionais que continuem “competindo” com o que os supermercados oferecem, não sobreviverão, alerta o profissional.
Luiz Carlos Buzzarello, vice-presidente da Acijs, também destacou a importância do projeto, como forma de melhorar a qualificação de profissionais do setor para atender as exigências de um segmento muito atrativo como o da alimentação.
“O Núcleo de Panificação e Confeitaria identificou esta necessidade e viabilizou a capacitação, oportunizando aos alunos a condição de buscarem o crescimento profissional. O investimento em capacitação permite melhorar a competitividade do setor, reduz custos e traz melhorias significativas aos clientes, ou seja, um ciclo positivo de desenvolvimento”, diz Buzzarello.
Daren Basso Souza, gerente executiva do SENAI-SESI no Vale do Itapocu e Planalto Norte, ressalta que o curso é mais uma ação integrada com a classe empresarial, para fortalecer uma cadeia produtiva de tradição na região.
“O curso dá oportunidade a trabalhadores que já estão nas empresas do setor, mas que querem se aperfeiçoar, mas também de entender que podem seguir um futuro diferente, com o seu próprio negócio. O conhecimento é algo que fica e permite que façam as suas escolhas”, afirmou.
Sonho do próprio negócio inspira participantes
Da primeira turma da Escola de Panificação e Confeitaria fazem parte alunos que nunca tiveram qualquer experiência na área, outros que já atuam em empresas na região, e ainda trabalhadores de áreas como a têxtil, de design e de recursos humanos.
A costureira Nadia Demathe Voltolini, concilia a atividade em uma indústria do setor com a produção de doces em casa. Perto de se aposentar, resolveu fazer o curso com planos de incrementar um negócio para ajudar no orçamento doméstico. Filha de agricultores, ela conta que desde criança observava a mãe produzir cucas e pães, e a curiosidade de criar suas receitas de bolos e doces fez aumentar o gosto pela arte da panificação e da confeitaria. “O curso me deu esta chance de tornar essa vontade real”, confessa Nadia.
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O mesmo desejo é compartilhado por Elisabete Rodrigues da Silva Mendonça, cozinheira de restaurante que sempre se encantou por sobremesas e pães, agora formada na área. “Foi muito bom conhecer todo o processo que envolve a panificação e os detalhes da confeitaria. Na cozinha a gente acaba aprendendo um pouco vendo os colegas, mas com a orientação do professor é muito melhor”, diz. O apoio do marido e filhos, comenta, foi fundamental para encarar as horas a mais de estudo, além do trabalho em um restaurante da cidade.
Os brigadeiros que fazia para ajudar a pagar a faculdade despertaram na analista de RH Deise Marquardt a vontade de um dia ser dona do seu próprio negócio. Mesmo depois da universidade, Deise conta que a guloseima continua sendo um produto que ela comercializa para melhorar a renda, através do perfil no Instagram [@brigadeirosdadeise], só que agora planeja voos maiores. “Quero montar no futuro minha própria confeitaria, e com esta oportunidade que o curso me ofereceu tenho a chance de me aperfeiçoar cada vez mais até poder realizar meu sonho”.