Literalmente, fui arrumar sarna para me coçar. Acabara de ler os meus quatro jornais diários, rotina, e fui para o celular, afinal, a busca por novidades é um bicho carrapato para os jornalistas. Foi pegar o celular, dar algumas voltas com os dedos e pintou uma danação. Imagens de um imbecil, em salão lotado, dando aula de comunicação verbal. O sujeito era um abobadão. Enfatizava que 70% da comunicação não é verbal, não exige palavras. E foi dizendo bobagem sobre bobagem, como, por exemplo, que o importante são os gestos, o tom da voz, as roupas que o comunicador usa, enfatizando que o conteúdo propriamente dito vale pouco. Um idiota com salão lotado enganando os desavisados que pagaram para ouvi-lo. Eu gostaria de ver aquele parvo fazendo um programa de rádio de duas horas sem ter o que dizer e motivar os ouvintes, gostaria. Para falar e ter ouvintes, antes de tudo precisamos ter uma mensagem, uma mensagem que seja do interesse de quem nos vai ouvir, mensagem passada com assertividade, segurança. As palavras do vocabulário usado precisam ter a precisão do entendimento e a ênfase da certeza de quem as usa. Boas histórias ilustram, precisam estar adequadas ao que se fala e “visuais” a quem ouve. Os gestos importam? São indispensáveis, mas podem e devem, dependendo do momento, ser moderados. Uma coisa é falar para fazer circo, o que está na moda nesses podcasts tolos que andam por aí. Já contei aqui de um seringueiro amazônico que ouvi num sarau em Belém do Pará, numa das minhas viagens para fazer palestras. O seringueiro falava um português trôpego, mas não havia como não escutá-lo. Histórias fascinantes, uma assertividade típica dos que viveram os fatos sobre os quais dissertam, um filme sonoro. Ninguém cobrou sintaxe ou o que fosse da linguagem usada pelo homem da floresta, a história dele e o encanto ao falar cativavam. Como fazer aquela fala só com gestos, sem conteúdo nem vivências? O idiota esse do podcast, ou da palestra em casa cheia por pessoas desavisadas, esqueceu de dizer: -“Fala, se queres que te conheça”. Eu o conheci ouvindo por alguns parcos minutos. Infelizmente, é o que anda por aí, enganadores de tiktoks e podcasts, gente que na salinha dos fundos vai ter muito mais para ouvir do que falar, ô…
PRESENTES
Para todos os que vão ser presenteados por nós no Natal, não esqueçamos de, junto com o presentinho, dar um livro. – “Ah, mas ela/ele não lê”! Mas vai que essa pessoa acabe lendo o livro presenteado e o livro lhe abra a cabeça? Não será um milagre? Livros fazem milagres, é tentar e não duvidar. E, insisto, para crianças os livros são indispensáveis. Sem leituras, pobrezinhas, não vão passar de esfregadoras de dedos em celulares. Credo!
AMIGAS
Tenho duas amigas muito ricas, não vou dizer o que fazem porque muita gente ficaria logo sabendo de quem falo… Deixemos assim, muito ricas, mas… Estão “solteiras”, e as duas falam, sem se conhecer, as mesmas coisas, como, por exemplo, casar outra vez só por milagre. Falam do que passaram e dos homens que hoje lhes cruzam o caminho. Um desencanto. E a pergunta, por quê? Porque é mais fácil ganhar na Mega-Sena que encontrar um homem/Homem…
FALTA DIZER
Já foi dito, por Adão no paraíso, que é preciso perder a memória para percebermos que é ela que faz a nossa vida. Nada novo, mas tem uma coisa: se não nos corrigirmos pelas nossas memórias, morreremos estúpidos, repetindo erros.