O projeto Caminhos do Hip Hop, em parceria com a ONG Cristo Sem Fronteiras, realizado no CRAS do bairro Corticeira, em Guaramirim, está promovendo uma transformação na vida de jovens de 7 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social. Com oficinas de grafite, DJ, MC e breaking, a iniciativa visa proporcionar novas formas de expressão artística, além de contribuir para a construção da identidade e o desenvolvimento pessoal dos participantes.
Financiado pelo Fundo da Infância e Adolescência (FIA), o projeto foi aprovado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, oferecendo um espaço seguro e criativo para que os jovens possam explorar a cultura do hip hop. As inscrições foram abertas a crianças e adolescentes que atendem aos critérios do programa, com um processo de avaliação que considera tanto os participantes quanto suas famílias.
A coordenadora e idealizadora do projeto, Eliane dos Santos, de 35 anos, explica que a proposta do Caminhos do Hip Hop é criar uma oportunidade para os jovens se expressarem de forma positiva e transformadora. “Queremos oferecer a essa juventude uma vivência real da cultura de rua, que contribui não só para a formação artística, mas também para o desenvolvimento social deles”, afirma Eliane.
No CRAS da Corticeira, o ambiente de aprendizado vai além da arte. Caroline Benkendorf, assistente social e coordenadora do centro, reforça a importância do espaço como um local de convivência e cultura. “Nosso objetivo é criar um ambiente onde os jovens possam aprender, se divertir e criar laços de amizade, além de se desenvolverem como cidadãos conscientes”, afirma Caroline.
A arte tem um papel fundamental no Brasil, sendo uma forma de expressão da diversidade cultural e social. No contexto do programa, a cultura do hip hop é utilizada para incentivar a reflexão e a construção de identidade, além de atuar como uma ferramenta de resistência e empoderamento para os jovens de Guaramirim. Ao aprenderem grafite, rap e dança, os participantes do projeto estão não só se inserindo em um movimento cultural, mas também se armando com habilidades que vão além.
A arte como ferramenta de transformação
Oseas Lourenço da Silva, 38 anos, produtor cultural e professor de dança, destaca a importância das atividades para o desenvolvimento social dos participantes. “Aqui, as crianças e adolescentes não apenas aprendem uma nova linguagem artística, mas também desenvolvem habilidades para a vida, como o trabalho em grupo, a disciplina e o respeito”, afirma.
Com um ambiente diversificado e colorido, para os participantes, o impacto do projeto é visível. Raissa Gabrielly de Jesus Remeel, de 16 anos, está no projeto desde o início e compartilha sua experiência. “Aqui a gente se diverte, aprende e faz amizades. Para mim, a arte é como escrever algo, é uma forma de me expressar”, diz Raissa.
O projeto também conta com a colaboração de outros profissionais, como Cristiano Leocadio, 36 anos, músico, que leva aos jovens o mundo da música e da produção musical, e Gerson Avelar de Melo, 38 anos, MC, que compartilha seus conhecimentos sobre a cultura do rap e a arte de se expressar por meio das palavras.
Qual a diferença entre pixo e grafite?
Contudo, é importante destacar a diferença entre grafite e pixo, duas manifestações comuns nas cidades brasileiras. O grafite é uma arte que busca comunicar uma mensagem e embelezar o espaço urbano, enquanto o pixo é visto como uma forma de vandalismo, caracterizada pela marcação de territórios sem preocupação estética ou de diálogo. O projeto Caminhos do Hip Hop ajuda os jovens a compreenderem essa distinção, mostrando como o grafite pode transformar positivamente o ambiente, ao contrário do pixo, que muitas vezes gera exclusão.
Entre os educadores do projeto, está Nicolas Danhaia, 24 anos, arte educador e designer. Ele explica a relevância do grafite, uma das atividades oferecidas nas oficinas. “O grafite é uma das formas mais antigas de arte urbana. Mesmo tendo sido criminalizado em alguns momentos, ele é uma importante ferramenta de comunicação e expressão. A arte tem uma história muito rica e faz parte da construção social do Brasil”, afirma Nicolas, destacando o papel da arte na formação dos jovens.