A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todas as condenações do ex-ministro José Dirceu no âmbito das investigações da Operação Lava Jato, abriu ainda mais espaço para o forte aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmar a intenção de voltar à política. As informações são do jornal Gazeta do Povo.
Ele já vinha sendo reabilitado nos corredores do poder de Brasília desde que Lula retornou à presidência no ano passado. Dirceu pretende voltar a disputar cargos públicos – principalmente agora com a decisão de Mendes que o tira do rol dos “ficha-suja”.
Desde o ano passado, José Dirceu vem fazendo um amplo trabalho de retomada de sua influência partidária, principalmente dentro do próprio PT em que chegou a ser cotado nos bastidores para suceder Gleisi Hoffmann na presidência nacional da legenda.
Candidatura em 2026
Embora a presidência do PT não seja o caminho mais cristalino no horizonte, já que se fala na possibilidade do prefeito de Araraquara, Edinho Silva, assumir o cargo, Dirceu quer voltar a ser relevante na política nacional.
Em uma entrevista recente, ele confirmou o desejo de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026 para, segundo relatou, ajudar partidos progressistas a segurarem o avanço da direita no Congresso na esteira da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e a forte influência ainda hoje.
“Deixo para 2025 a decisão sobre concorrer ou não, depois de conversar com a direção do partido e com o presidente Lula. Como venho dizendo, creio que mereço voltar para Câmara até por uma questão de justiça, mas é claro que são os eleitores de São Paulo que devem decidir isso”, pontuou.
José Dirceu emendou afirmando que “estamos vendo a dificuldade que o presidente Lula enfrenta para governar com um Congresso conservador”, segundo escreveu em um artigo na revista Carta Capital.
Em meados de abril, o ex-parlamentar retornou ao Congresso pela primeira vez em 19 anos após ser cassado por envolvimento no esquema do Mensalão. Ele discursou na tribuna do Legislativo em uma sessão solene em alusão aos 60 anos do início do período da Ditadura de 1964.
Dirceu foi convidado pelo líder do governo na casa, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), para participar da sessão que contou, ainda, com a presença da viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Goulart, e do senador Humberto Costa (PT-CE).
“Quase não aceitei [o convite], porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, disse no discurso.
* Com informações da Gazeta do Povo