O vereador Rodrigo Livramento, 29 anos, do partido Novo, que concorreu à reeleição na Câmara de Jaraguá do Sul, foi eleito com 6.079 votos. Ele bateu o recorde no Legislativo Municipal sendo o mais votado da história de Jaraguá do Sul.
Dando sequência a série de entrevistas com os vereadores mais votados das cinco cidades da região, Livramento destaca que deve continuar atuando na Câmara como fez em seu primeiro mandato: defendendo projetos de interesse da população, cobrando a eficiência da máquina pública e a diminuição dos gastos de gabinete.
Ao ser questionado se essa votação expressiva o credencia para alçar voos mais altos, ele destaca que pensa em 2026 como um projeto de continuidade de seu trabalho na política e que já vem ganhando apoio tanto de quem confiou o voto a ele quanto do partido. Confira a entrevista:
1- Você foi o vereador mais votado da história do Legislativo jaraguaense, a que você atribui essa votação para sua reeleição que passou dos 6 mil votos? Sua atuação na Câmara na atual legislatura ajudou a conquistar esta vitória?
Livramento: Tem muita gente em Jaraguá que percebe na política uma ferramenta para as mudanças na sociedade. E tem um grupo de pessoas que não estão satisfeitas com o ritmo da política tradicional e acreditam que o Estado deve ser mais leve, mais enxuto, que a política não tem que ser feita com troca de favores, que entendem a importância de um Poder Legislativo independente, que valorizam, acreditam e apoiam um vereador que vai lá pra defender princípios e valores. Essas pessoas acreditam em um Estado mais enxuto, com menos impostos, menos burocracia, mais tecnologia e mais eficiência da máquina pública. E eu acho que eu consegui preencher essa lacuna na primeira eleição, primeiro vendendo uma ideia e depois mostrando que essa ideia dá muitos resultados quando posta em prática, que é o que eu fiz no meu primeiro mandato.
2 – Que bandeiras você defende na Câmara e que outras pretende trazer para a discussão na legislatura 2025/2028?
Livramento: Eu acho que o governo gasta muito mal com o dinheiro das pessoas e gasta com coisas que as pessoas não querem. E vários vereadores também não sabem disso. Olha, e pode parecer uma resposta fora do padrão, mas é para as pessoas entenderem que os políticos nunca vão saber como gerir os recursos das pessoas tão bem quanto as próprias pessoas. E eu procuro fazer o meu papel na Câmara de Vereadores de reduzir o poder dos políticos sobre a vida das pessoas, de reduzir a quantidade de impostos que as pessoas pagam, porque eu acho que as pessoas usam muito melhor os seus recursos do que os políticos.
Eu realmente defendo muito a bandeira do empresariado, do empreendedor e da questão da redução de custos do Estado. Eu empreendo desde a minha juventude e defendo que deveríamos ter pessoas mais qualificadas dentro do poder Legislativo. A gente precisa de gente que tem opinião. Porque o vereador está lá para representar a opinião das pessoas. E além disso, que eu acho que falta, não só em Jaraguá, mas na política brasileira, são pessoas que entendam sobre políticas públicas. Porque todo mundo tem opinião sobre tudo. Então nós deveríamos ter pessoas mais capacitadas, que estudassem, que não fizessem leis com base em intenção, mas que fossem atrás e propusessem projetos que sabidamente deram bons resultados.
E infelizmente, geralmente, as políticas públicas do Brasil não são baseadas em dados e evidências. Elas são baseadas em achismo. ‘Ah, eu quero fazer uma cidade com um fio subterrâneo. Legal? Ah, eu quero porque é mais bonita. Mas quanto custa? Quem vai pagar? Quais são os benefícios?’. São perguntas que deveriam ser básicas, mas que são esquecidas geralmente pelos legisladores.
3- Como será seu posicionamento em relação ao prefeito Jair Franzner, já que você não é da base aliada a ele?
Livramento: No meu primeiro mandato, eu fui um vereador não de base nem de oposição, eu fui um vereador de opinião. E eu quero continuar sendo um vereador de opinião. E eu tenho uma opinião muito boa com relação ao prefeito Jair Franzner. Nunca escondi isso de ninguém. Assim como tenho um bom relacionamento com o Edson Junkes. E assim como, mesmo me dando bem com os dois, que é o perfil de empresários, pessoas de fora da política, eu pedi voto para o nosso candidato do Novo, Mário Felippi. Que era o que eu achava que apresentava de maneira mais fidedigna o que eu esperava de um prefeito.
Mas eu já conversei com o Jair [Franzner] depois das eleições e fiquei muito feliz com aquilo que ouvi dele. Ele disse para mim que não iria chamar vereador para assumir o cargo de secretaria e que iria contratar pessoas para os cargos comissionados analisando o currículo. Essa é uma coisa que eu sempre bati na tecla de contratar pessoas técnicas. Inclusive eu fiz isso no meu gabinete. E todas as ações que o prefeito Jair Franzner for na direção de fazer o certo, de acabar com as velhas práticas da política, de propor projetos de lei que são bons para Jaraguá, ele vai ter meu apoio. Aquilo que a gente divergir, como sempre fiz de maneira respeitosa, vou colocar a minha opinião.
4- Há a possibilidade de você assumir o comando da Mesa Diretora neste começo de novo mandato? Isso está no regimento interno da Casa ou é preciso de algum acordo com os vereadores eleitos?
Livramento: A posse dos vereadores no dia 1º de janeiro, é comandada pelo vereador mais votado. Então eu serei presidente da Câmara por um dia, pelo menos. E depois ocorre a eleição para a Mesa Diretora. Eu nunca pleiteei essa vaga, mas teve um pedido muito forte das pessoas que votaram em mim dizendo que é por merecimento e que é uma forma de respeito à soberania do voto. É uma tradição que no primeiro ano o vereador mais voltado seja o presidente da Câmara.
E eu espero que os vereadores sigam isso. Conversei com os vereadores novos, conversei com alguns vereadores que já estão lá na Câmara e muitos se mostraram sensíveis a respeitar essa tradição e também por acreditarem que eu vou conseguir fazer reformas na Câmara, de fazer destinação de verbas por critérios técnicos, de trazer mais transparência. O trabalho que eu fiz no meu gabinete, eu quero levar também para a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores.
5 – Está nos seus planos se candidatar nas eleições de 2026?
Livramento: É engraçado, assim que eu ganhei a eleição, as pessoas falaram isso e elas realmente esperam isso de mim. Eu ainda não tomei essa decisão, mas eu tomei esse cuidado, porque eu respeito muito os votos que recebi, e deixei claro, inclusive durante a minha campanha, que eu não fechava as portas para eventualmente concorrer em 2026. Mas tinham condições que precisavam ser cumpridas, como por exemplo, eu ter um bom suplente. E para a minha sorte, eu tenho um excelente suplente, que é o Gabriel [Will]. É um cara que me apoiou na minha primeira campanha e eu incentivei que ele fosse candidato agora e é um cara que me substituiria em uma eventual ausência.
Então abre a possibilidade sim de eventualmente eu concorrer em 2026. Essa decisão ainda não está tomada. Mas eu não vejo a política como um fim nela mesma. Então se eu sentir que as pessoas querem que eu vá para o deputado federal para brigar com o Lula lá em Brasília e com os ministros do STF que estão fazendo sacanagem com a cara do povo, por exemplo, se eu entender que tenho essas condições de auxiliar o Brasil nessa tarefa, eu me candidato. Se eu entender que eu vou para a candidatura só por ego ou qualquer coisa assim, a chance de eu me candidatar é zero. As pessoas têm que querer que eu vá e eu tenho que me sentir útil.
A gente vai ter uma conversa, inclusive, nesta sexta-feira (25) em Florianópolis, com todas as lideranças eleitas, para começar a desenhar isso em termos de partido, o que o partido quer, quais são as pessoas que iriam. O partido Novo, a nível estadual e nacional, gostaria mais que eu fosse candidato a deputado federal. Eu fiz uma votação que foi a maior no Estado, em termos proporcionais, nas cidades médias e grandes. Então foi uma votação que chama a atenção e que as pessoas esperam que eu dê um passo maior. Se as pessoas também quiserem que eu continue vereador durante quatro anos, eu não tenho nenhum problema em manter.
E para 2028, em Jaraguá, eu espero contribuir com uma boa chapa, com boas pessoas, com um bom candidato a prefeito, a vice, e também sem levar aquela bagagem da velha política que às vezes vem junto, né? Eu espero contribuir com isso. E também sinceramente espero que não precise eu estar na cabeça da chapa. Mas se precisar estar, eu não descarto.
6- E sobre o partido Novo, como você avalia esse crescimento da sigla, principalmente na região Norte do Estado?
Livramento: Eu acho que o Novo evoluiu bastante em Jaraguá do Sul. O partido tem esse perfil aqui no Norte do Estado, de ter uma fatia maior de pessoas, de eleitores que se identificam com a ideologia e com o que o Novo tem como prerrogativa do partido mesmo. Eu me filiei ao Novo em 2016. Na época o Novo era desconhecido. Então ele passou a ser muito conhecido, e SC aliás no país, é que o Novo tem os melhores resultados.
E a região de Santa Catarina que o novo mais tem resultados é a região que envolve Joinville, Jaraguá e Blumenau. Em Joinville, a votação do Adriano Silva foi recorde. Jaraguá até ano passado tinha a maior bancada proporcional do novo no Brasil, nós tínhamos dois vereadores de 11, que eram 18% da Câmara, agora fomos ultrapassados por Corupá, que tem três dos nove vereadores e elegeu um o prefeito do Novo.
Blumenau também tem dois vereadores, e quase elegeu um prefeito mais uma vez, então a região Norte de Santa Catarina é a região do Brasil que o Novo tem os melhores resultados. Isso não é coincidência, tem a ver com os valores, tem a ver com a cultura, tem a ver com aquilo que as pessoas esperam dos políticos.
E a votação é reflexo dos valores da sociedade que a gente carrega. Ainda tem os deputados eleitos do partido na Alesc, o Matheus Cadorim que é de Joinville e o Gilson Marques na Câmara Federal que é de Pomerode. A gente tem uma responsabilidade muito grande de fazer o certo, entregar resultado e mostrar que dá para fazer uma política diferente.
Confira os vereadores eleitos em Jaraguá em 6 de outubro:
- Luís Fernando Almeida
- Jonathan Reinke
- Delegado Mioto
- Professora Natália
- Osmair Gadotti
- Jair Pedri
- Sirley Schappo
- Professor Fernando Alflen
- Charles Salvador
- Irael Cani