Querido Corpo, vou ouvir você

Foto: Freepik

Por: Andreia Chiavini

18/10/2024 - 09:10 - Atualizada em: 18/10/2024 - 16:47

Nós somos seres únicos e todos os nossos movimentos expressam o espaço que ocupamos nesse mundo. Sejam movimentos físicos ou mentais. O nosso corpo é um santuário sagrado que deveríamos respeitá-lo com todo nosso amor, pois nele carregamos a nossa alma que nos conduz a viver a vida. É a janela através da qual você enxerga o mundo.

Se eu pudesse falar para o corpo alguma coisa, eu diria: “querido corpo, estamos juntos nessa. Estou disposta a fazer de tudo para manter nossa saúde física e emocional em equilíbrio, vou te respeitar e cuidar ao máximo de você. Juntos temos o poder de nos imunizarmos, nos regenerarmos e nos rejuvenescermos. Afinal, você se expressa tanto e pouco presto a devida atenção”. O corpo fala muito mais do que você pensa e percebe.

A linguagem do corpo é uma forma não verbal de comunicação. Ele conta todas as histórias vividas, seja em expressões corporais, sejam em tensões, em manifestações de dor, alterações posturais, limitações, rigidez, gestos e atos corporais e até a sua forma de ser. Expressam sentimentos, concepções ou posicionamentos internos.

O corpo visualiza o que a mente acredita e o coração sente e se adapta de forma harmoniosa com essa realidade. Isso dá origem a uma maneira de conduzir-se, como o orgulho pode inflar o peito ou o medo pode contrair os ombros.

O corpo não mente, enquanto as palavras frequentemente o fazem.

É impossível disfarçar, só disfarça para si mesmo, porque você não se vê. Porque não vê o que está mostrando. Mas o corpo fala, e como fala. Fala a ponta dos dedos batendo na mesa, falam as pernas balançando na cadeira, falam os pés inquietos na cama. Fala o dente acirrado, rangendo estridente, fala o pescoço doendo. Falam os olhos caindo tristonhos. Fala a dor de cabeça, fala a gastrite, a psoríase, fala a ansiedade, a memória perdida. Fala o corpo curvado, cansado, que desistiu da vida.

Ombros tensionados e o nó na garganta atravessado. Fala a raiva carregada, fala o fígado, mágoa pesada, fala a sensação ardente pelas costas. Fala a angústia e a ruga. Fala a insônia, fala o sono demasiado. E cedo ou tarde, todas as dores do mundo hão de querer se mostrar, regurgitar o mal que não foi resolvido, e nos contorcer novamente.

E tudo dói. O corpo sofre. Você sofre, a doença se instala. Você finge que não ouviu e que seu corpo não falou com você. Não deixe seu corpo engolir tudo o que você sente, esconde e evita, uma hora o seu corpo vai se afogar. Dor não é para sentir para sempre. Dor é vírgula. Uma pausa para respirar, para observar e para recomeçar e agir.

Então escuta teu corpo, ouça o que ele te fala, o que ele te pede, o que ele necessita. Nem todos se habilitam para esse difícil exercício. É preciso um pouco de coragem para deixá-lo falar. Se você ouvir melhor suas necessidades internas, entenderá melhor o que ele está te dizendo.

Dor tapada cala a necessidade. Coloca a dor na janela e deixa o vento levar. Faça uma vida, um poema, faça exercício, uma corrida no parque. Converse com Deus, deixe seu corpo se movimentar, sua alma falar. Escute o que seu corpo fala. Seja amigo dele e aprenda a ouvi-lo e a confiar nele. Ele é o porta-voz das suas necessidades, ele está a fazer o seu melhor e necessita de respeito e amor.

Somos habituados a tomá-lo como garantido e a força-lo a fazer o que nos apetece. Estreite a relação com o seu corpo, o traga como seu aliado. O corpo é sábio, simples, adaptável, pode ser entendido, descodificado, expressado e traduzido, ele é incrível.

Movimente-se saia da inercia e proporcione qualidade a ele. Entenda que somos seres em construção, seres únicos e capazes de reformar o que já está construído. Como retorno, tranquilizaremos a dor e seremos mais saudáveis e mais felizes.

 

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Andreia Chiavini

Fisioterapeuta especialista em Fisiologista do Exercício e Certificada em Pilates, TRX e RPG. Crefito: 77269-F.