O empresário Jair Franzner (MDB), de 64 anos, foi eleito prefeito de Jaraguá do Sul no dia 6 de outubro. Apesar de Franzner já estar no comando da Prefeitura nesta legislatura, não se considera uma reeleição para prefeito, porque ele foi eleito em 2020 como vice de Antídio Lunelli (MDB) que renunciou ao cargo de prefeito pouco mais de um ano depois para concorrer a deputado estadual. Portanto, nestas eleições de 2024, foi a primeira vez que Jair Franzner se elegeu para o cargo de prefeito.
Nas eleições deste ano Jair recebeu 53.644 votos, o que representa 58,14% dos votos válidos. O vice-prefeito eleito com Franzner é João Da Metalnox (PSDB) sendo que a coligação também o União Brasil, PSD e Cidadania. A dupla concorreu contra outros seis candidatos a prefeito. Confira a entrevista!
1- O senhor passou por um problema sério de saúde, fato que o levou a ficar mais afastado da campanha e mesmo assim venceu com 58% dos votos válidos. A que o senhor atribui esta vitória?
Jair: Eu atribuo ao que foi feito nos últimos anos em Jaraguá do Sul. Existe uma virada de gestão muito grande. Eu sempre digo, começou com o Dieter [Janssen] que conseguiu moralizar a administração, tirar a prefeitura de Jaraguá do Sul das páginas policiais e depois veio o Antídio [Lunelli], que deu um choque de gestão na Prefeitura. Aí eu fui de vice com ele, depois o Antídio saiu para concorrer a governador e acabou indo para deputado estadual. Mas o que acontece: é que nem um carro que tu anda na oitava marcha, o Antídio saiu e eu entrei e continuei na oitava marcha e acelerei um pouco mais e conseguimos fazer mais entregas. Isso está bem claro para as pessoas aqui no município. A gente conseguiu avançar em vários setores. Por exemplo nas vagas de creche, que precisava aumentar. Nós conseguimos fazer, nesses dois anos e pouco que eu estou no governo, 1.400 vagas de creche. Temos planejamento para, nesse novo governo novo agora, fazer 3.000 vagas de creche.
As nossas escolas estão sendo ampliadas, reformadas, construímos escolas novas para atender a demanda dos alunos que vêm chegando. Jaraguá do Sul recebe muita gente nova, em torno de 150 famílias por mês chegam a cidade. Grande parte vem em busca de trabalho, de uma vida melhor. Aí vem criança que tem que estudar, vem a saúde que tem que se preocupar e a gente conseguiu avançar muito bem nisso.
E mesmo eu em tratamento de saúde, a população reconheceu isso na hora de votar. E o meu vice foi muito importante na campanha. Posso dizer que foi uma peça fundamental, porque como eu não pude estar tão presente na campanha, ele me substituiu. Todas as reuniões que tinha, comícios e demandas de campanha, ele foi em tudo. Então o João [Pereira, conhecido como João da Metalnox] foi muito bem, até parece que ele já era político. Mas ele também não era político antes dessa eleição, ele é um cara que nem eu, nunca imaginou que ia estar aqui. Mas como eu sempre falo, ele também pensa assim, ele construiu a empresa dele, virou a gestão para os filhos e ele quer dar uma contribuição para o município também.
2- E aproveitando que estamos falando do vice, como será a atuação do seu vice no governo? O senhor também foi vice e acabou assumindo a prefeitura jaraguaense na metade do mandato…
Jair: O João vai trabalhar junto conosco, em parceria. Tudo que decidirmos fazer no município ele vai participar junto com nosso grupo estratégico, que decide todos esses encaminhamentos. O vice vai participar e assumir uma parte, desde o entrosamento do Executivo com os vereadores e outras demandas. A gente estava até numa reunião esta semana, discutindo vários assuntos e ele não vai ser um vice que vai ficar em casa. Ele vai ter a sala dele no gabinete e vai trabalhar. Eu assumi sem vice e conseguimos trabalhar com uma boa equipe, fazer gestão e fazer um excelente governo. Podemos fazer um excelente governo e mais um pouco do que isso agora nessa próxima gestão.
3- Que ações o senhor julga que são imediatas para serem realizadas nesta continuação de mandato? Durante a campanha, seus adversários bateram muito na tecla da saúde. Que medidas o senhor pretende tomar para o setor da saúde em Jaraguá do Sul?
Jair: A gente pegou a saúde pós-pandemia com um déficit grande de médicos e dentistas, porque do concurso que tinha ocorrido em 2019, a gente não pôde chamar ninguém durante a pandemia, então ficamos amarrados. Não foi culpa do prefeito e da equipe, a lei veio de cima e tinha que respeitar. Mas então logo foi liberado e desde fevereiro de 2023 pra cá, foram contratados 79 novos médicos. Além disso, ampliamos o horário de atendimento em 12 postos de saúde, duplicamos o tamanho de 7 postos de saúde, inauguramos 4 postos de saúde novos, fizemos quatro farmácias básicas. Atendemos uma média de 1.200 pessoas por dia com entrega de remédio nessas farmácias básicas. Também investimos nos nossos dois hospitais.
Temos parceria com o pronto-socorro do Hospital São José, um investimento aí que soma mais de R$ 40 milhões por ano. Também houve a ampliação do atendimento ortopédico, já que tem muito acidente de moto na cidade, muitas cirurgias de urgência, tivemos que duplicar essa equipe. Já no Hospital Jaraguá, duplicamos o número de médicos que atendem crianças, isso tudo com o recurso do município. Inauguramos o centro cardiológico do Hospital São José, bancamos cirurgias que são feitas pelo SUS, com dinheiro do município e que era para o governo do Estado repassar os valores para o município, mas o Estado está repondo só 50%, os outros 50% está caindo para a Prefeitura de Jaraguá bancar. O que Estado teria de repassar, só faz depois de cinco, seis meses.
E a saúde é assim: quanto mais você levanta o nível, mais você sente que tem que melhorar. E se analisar a nota sobre a saúde do Município, quando eu assumi, era 5.3 e em 2023 fechamos o ano com 9.3 [essa nota é do Índice de Gestão Municipal Aquila -Igma, plataforma de tecnologia e inovação, desenvolvida pelo Instituto Aquila, com o objetivo de promover o o Ciclo Virtuoso do Desenvolvimento Humano nos municípios]. Se puxar uma lista dos municípios a nível de Brasil, é só meia dúzia que consegue isso. Então, apesar de ter todas essas críticas sobre a saúde durante a campanha eleitoral, nós fizemos muito por esse setor. Só que tem coisas que é responsabilidade do Estado. E esses candidatos que estavam falando tudo isso na campanha, ou eles não sabiam, ou sabiam sobre isso e criticaram pra tentar ganhar voto.
Eu quero fazer uma força-tarefa agora no próximo mandato com o deputado Antídio Lunelli e com o deputado Dr. Vicente Caropreso e chegar no secretário de Saúde do Estado para pressionar ainda mais. Mas com essa questão eu estou muito tranquilo, a gente sabe que fez, o que podia e fez mais do que podia. Vamos continuar, colocando a saúde como prioridade, assim como a educação, e depois vem o resto tudo. Se eu tiver que deixar de asfaltar 10 ruas porque eu tenho que investir em saúde e educação, eu vou deixar de asfaltar 10 ruas. A saúde e educação vão ser sempre prioridade.
4- E os projetos a longo prazo, quais são? Na entrevista que o senhor concedeu ao OCP durante a campanha disse que tem mais de R$ 400 milhões em projetos na prateleira. Como esses projetos serão tirados do papel?
Jair: Eu sempre falo de R$ 350 milhões a R$ 400 milhões de projetos na prateleira. São projetos pequenos e projetos grandes. E a gente tem uma lista de prioridades. Então, conforme vai entrando dinheiro, a gente vai pegando as prioridades e vai executando.
A gente tem um atendimento bom do social para receber as famílias que vêm de fora e dar um suporte para elas, para encaminhar elas para se organizar na cidade. Temos o cartão que dá auxílio de alimentos para elas por um período. Isso não é para sempre, não é o Bolsa Família do PT, não. É um período de três meses, podendo renovar mais três.
Na área da saúde, vamos construir um PA na grande Barra, a Barra do Rio Cerro, e que vai atender a Barra, o Rio da Luz, Garibaldi e o bairro São Luís. Estamos construindo agora uma ponte, que liga o bairro São Luís com a Barra e vai ficar tudo pertinho para a população daquela região. Vamos desafogar os nossos hospitais e qual é a dificuldade dos hospitais? Eles são filantrópicos e é porta aberta. Pode vir gente de qualquer lugar do Brasil e tem que atender. Então a gente fez uma estrutura de bons hospitais, de bom atendimento para a comunidade de Jaraguá do Sul, ampliou para Amvali, que são mais seis municípios, e o problema é que, além desses, vem gente de fora também. Então, com os PAs, vamos ter um atendimento só para a população jaraguaense. Vamos fazer um projeto de mais um ou dois PAs.
Também vamos continuar dando atenção para a mobilidade de Jaraguá do Sul. Nós temos aí 132 mil veículos na cidade e, se todos resolvessem sair para a rua, ninguém anda, né? Nós temos que fazer mais ruas, espalhar o trânsito. Isso que a gente começou a fazer aí, desde o governo do Antídio. Na verdade, a primeira etapa da Via Verde começou com o prefeito Dieter. Aí o Antídio veio e conseguiu dar sequência, fez a etapa 1 e a 2. E, nesse mandato, conseguimos fazer a 3. Com isso, fizemos um grande binário e grandes áreas de lazer.
Aí fizemos o binário da Vila Lenzi e estamos fazendo um grande binário da Czerniewicz, que vem até Scar. E, junto com ele, vai ter uma ponte que vai sair na rua do nosso terminal urbano. Essa obra era para terminar esse ano, mas estamos realizando algumas desapropriações e vai atrasar um pouco. Essa a obra do binário do Czerniewicz terá 6 km de extensão, já que vamos seguir com uma rua novo na beira do rio. E vamos aproveitar que fica perto do rio e vamos fazer dois espaços de Via Verde nesta extensão do binário do Czerniewicz. Isso vai facilitar o trânsito na Ponte Abdon Batista.
Também vamos fazer os binários da Walter Marquardt e do Jaraguá Esquerdo que estão no nosso radar. Mas uma das prioridades é o binário do João Pessoa, que já temos o projeto pronto. Esse vai sair aqui da BR-280, onde tem viaduto, e vai até lá na rotatória que entra para Schroeder. Ali vamos ter muitas desapropriações e deve dar uns 7 a 8 km de extensão.
Aquele lado do João Pessoa está crescendo muito com construção de galpões, moradias, empresas novas e além disso, ali é um dos três espaços que a gente aprovou em 2023, para a instalação de uma área industrial. Além dessa, também teremos áreas industriais em Nereu Ramos e no Rio Cerro.
5- Como o senhor avalia a composição dos vereadores eleitos na Câmara para a próxima legislatura? E sobre o governo estadual, como será seu relacionamento com o Jorginho Mello que declarou apoio durante a eleição ao candidato do PL?
Jair: Queremos sentar com todos os vereadores e estabelecer um bom diálogo. Pode até que existiu uma rivalidade de campanha, mas o que vale, agora que a eleição é o projeto Jaraguá. Vamos conversar com os vereadores eleitos do PL e do Novo. Eu vou fazer o possível e o impossível para termos um bom relacionamento com todos os vereadores e sempre chegar num consenso.
E sobre o governador, penso que Jaraguá do Sul ficou esquecida por parte do governo do Estado. E agora que passou a eleição, ele [Jorginho] anunciou esta semana que está trazendo o MDB para fazer parcerias. Convidou o Lunelli de novo para assumir uma secretaria. Mas tudo está em conversação ainda e essa decisão ficará por conta do partido.