Um triplo assassinato ocorrido no Rio Grande do Sul pode ter um novo julgamento.
O recurso realizado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) no Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) pede novo julgamento dos acusados de matar três integrantes da mesma família.
O crime ocorreu em 2020 no Bairro Cohab, em Passo Fundo.
Dois denunciados foram julgados nos dias 13 e 14 de agosto deste ano.
Na ocasião, um dos réus, de 46 anos, que já estava no sistema prisional, recebeu uma pena de 44 anos de prisão em relação a dois homicídios, mas foi absolvido por um dos fatos.
Uma mulher, atualmente com 24 anos e que respondia ao processo em liberdade, foi absolvida por todos os fatos.
Em relação a outros denunciados, houve uma cisão no processo.
O promotor de Justiça Fabrício Gustavo Allegretti, que atuou em plenário na época, já havia informado que iria recorrer.
Isso ocorre, pois, conforme apelação do MPRS, houve nulidades durante o julgamento.
O recurso foi assinado pelo promotor de Justiça Diego Pessi.
Uma delas teria ocorrido durante a votação de quesitos referente a um dos réus, sendo constatada contradição entre as respostas.
Outra nulidade, segundo o promotor, estaria fundada na exibição de um vídeo, pela defesa, que não constava no processo.
Para o MPRS, o recurso de apelação tem quatro fundamentos.
No primeiro, sendo reconhecida uma das nulidades apontadas, o objetivo é que os dois réus sejam submetidos a novo julgamento por todos os fatos.
No segundo fundamento, a instituição entende que pelo menos o réu, anteriormente absolvido por uma das mortes, vá a novo júri por este fato.
Em um terceiro momento, caso não sejam acolhidas as nulidades apontadas, o MPRS pediu que os dois réus sejam julgados pelos crimes que foram absolvidos.
E, por fim, na hipótese de não ter novo julgamento, a instituição postulou o aumento da pena fixada ao réu que foi condenado em agosto por dois dos três homicídios.
O crime
As vítimas são Diênifer Padia, 26 anos, o cunhado dela, Alessandro dos Santos, 34 anos, e a sobrinha dela, Kétlyn Padia dos Santos, 15 anos.
Eles estavam na mesma casa quando homens armados invadiram o local, amarraram todos e os estrangularam com lacres de plástico.
O réu é ex-chefe de Diênifer, um proprietário rural da cidade de Casca que teve um relacionamento extraconjugal com ela e, posteriormente, um filho.
Conforme a denúncia do MPRS, o réu e a esposa dele, que está foragida, foram os mandantes do crime após ela descobrir a traição e o nascimento da criança.
Esses fatos levaram à demissão da jovem em Casca e o retorno dela para sua casa, em Passo Fundo.
Outro foragido é um cunhado do réu, apontado por ajudar no delito. Eles ofereceram recompensa pela morte de Diênifer.
Um ex-policial militar, também foragido, foi o responsável por contratar os dois homens armados que invadiram a residência da vítima.
Segundo a denúncia, o cunhado e a sobrinha de Diênifer foram mortos como queima de arquivo para que o crime não tivesse testemunhas.
As vítimas, junto com a irmã da Diênifer, moravam na mesma casa.
A vítima deixou três filhos pequenos.