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Qual a idade ideal para a criança começar a ir à escola?

Por: Priscila Horvat

08/10/2024 - 13:10 - Atualizada em: 08/10/2024 - 13:46

O período de matrículas escolares está chegando e, para muitas famílias, surge a dúvida: será que já devo colocar meu filho na escola?

O questionamento é feito por pais de crianças menores, já que a legislação brasileira determina que a obrigatoriedade para o ingresso nas instituições de ensino é a partir dos quatro anos.

As preocupações em deixar o filho na escola antes da idade estabelecida pela lei são diversas, como o medo da criança adoecer com mais frequência, dificuldade na comunicação com os pequenos que ainda não falam, o estresse emocional dos que ainda não estão prontos para ficar longe dos pais e o medo de riscos que o filho pode correr sem a supervisão dos responsáveis.

Por outro lado, existe a preocupação com o desenvolvimento da criança. Muitas famílias questionam se, ficando em casa, o filho vai aprender a socializar com facilidade e se vai acompanhar o aprendizado dos demais que estão na escola há mais tempo, por exemplo. Além disso, ainda há a necessidade de ambos os cuidadores trabalharem fora para ajudar nas despesas da casa.

Em meio a tantos questionamentos e opiniões diversas, a pediatra Bruna de Paula esclarece que não há uma idade ideal para a criança começar a frequentar a escola e que a decisão de deixar os pequenos em casa ou não vai de acordo com a necessidade de cada família.

“A decisão depende de fatores individuais, culturais e familiares, mas algumas informações podem ser determinantes para a decisão, como avaliar se a criança está pronta emocionalmente para a escola, se consegue se adaptar facilmente a novos ambientes e se tolera ficar longe dos pais. E ainda, se já interage com outras crianças, se tem capacidade de seguir regras e de se comunicar verbalmente”, explica a médica.

Sobre a socialização e o desenvolvimento da criança, a pediatra explica que “não há uma resposta única para essa questão, pois o impacto de começar na escola mais tarde varia de acordo com o desenvolvimento individual de cada criança, o ambiente familiar e as oportunidades que ela tem de socializar e aprender fora da escola. Se a criança tem acesso a estímulos cognitivos em casa (brincadeiras educativas, leitura, conversas, atividades criativas), ou oportunidade de socializar em outros ambientes como pracinhas, casas de parentes e vizinhos, ir para a escola mais tarde pode não prejudicar seu desenvolvimento social”, esclarece Bruna.

Conforme relata a médica, “crianças que convivem regularmente com outras crianças ou adultos em ambientes saudáveis podem desenvolver habilidades sociais e cognitivas de maneira adequada. Cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento e nem todas estão emocionalmente ou cognitivamente prontas para entrar na escola muito cedo. Forçar uma entrada precoce pode, em alguns casos, ser mais prejudicial do que benéfico, causando estresse desnecessário”, ressalta.

Prós e contras de frequentar a escola antes dos quatro anos

Para te ajudar a decidir quando matricular seu filho em uma instituição de ensino, a pediatra fez uma lista de prós e contras sobre a ideia da criança começar a frequentar a escola antes dos quatro anos de idade.

Prós:

  • Maior desenvolvimento social devido à interação com outras crianças, estimulando habilidades como compartilhar, esperar a vez, resolver conflitos e brincar em grupo;
  • Estímulo ao desenvolvimento cognitivo ao expor a criança a novos conhecimentos, experiências e brincadeiras educativas;
  • Aprendizado de como criar e tolerar rotinas, como horários de alimentação, brincadeiras e descanso;
  • Desenvolvimento da autonomia (independência), pois fora de casa as crianças realizam pequenas tarefas sozinhas, como guardar brinquedos ou se alimentar com menos ajuda;
  • Contribuição com o desenvolvimento da fala, já que os pequenos necessitam se comunicar para interagir e expressar suas necessidades e sentimentos.

Contras:

  • Maior risco de doenças, principalmente respiratórias e gastrointestinais, devido à exposição mais frequente a germes em uma idade quando o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento;
  • Estresse emocional em crianças que não estão prontas para ficarem separadas tanto tempo dos pais;
  • Redução do tempo de contato familiar, o que é essencial para a segurança emocional nos primeiros anos;
  • Sobrecarga em um ambiente escolar com muitas atividades, barulhos e interações sociais, o que pode afetar o comportamento e o bem-estar emocional, gerando cansaço ou irritabilidade;
  • Atraso de desenvolvimento da criança se o ambiente escolar não for bem estruturado ou a equipe não for bem treinada.

A única regra nesse assunto é a da obrigatoriedade escolar a partir dos quatro anos. Fora isso, a decisão de matricular ou não uma criança menor de quatro anos em uma escolinha ou creche depende muito dos fatores familiares, como necessidade dos pais estarem ausentes em decorrência do trabalho ou até questões de saúde.

Vale a pena ter uma conversa em família para avaliar os prós e contras. Caso a família opte por ingressar a criança, a dica extra é procurar com cautela, verificar as indicações e avaliações das instituições, e não escolher apenas por proximidade de casa ou valor promocional, por exemplo.

Caso a criança vá ficar em casa, é preciso avaliar, também, se ela terá os estímulos necessários para seu desenvolvimento, com carinho, atenção, atividades e brincadeiras, sem o uso de telas.

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