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Da glória esportiva ao ostracismo: quem foi João Havelange

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Por: Ewaldo Willerding Neto

25/09/2024 - 15:09

Ex-presidente da Fifa, um dos maiores dirigentes esportivos do mundo, ex-atleta olímpico e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Este foi Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange, mais conhecido como João Havelange. Ele morreu aos 100 anos, no dia 16 de agosto, em plena disputa dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sua cidade natal – mas ao invés de ser reverenciado, terminou a vida no ostracismo, envolvido em escândalos de corrupção.

Advogado e empresário, João Havelange foi uma das figuras mais influentes do mundo dos esportes. À frente da Fifa, foi apontado como o responsável por várias transformações no futebol em todo o mundo. Foi sob o comando dele que o futebol atingiu áreas antes inimagináveis do planeta e, como negócio, passou a atrair cifras gigantescas em patrocínio.

Atleta olímpico

Filho de um comerciante belga de armas, Havelange nasceu no Rio de Janeiro em 8 de maio de 1916. O gosto pelos esportes surgiu na infância, tornando-se atleta na juventude. Aos 20 anos, competiu com a equipe de natação brasileira nas Olimpíadas de Berlim. Em 1952, participou dos Jogos de Helsinque, na Finlândia, como jogador de polo aquático.

Quatro anos depois, assumiu a presidência da extinta (CBD), que reunia 24 esportes, entre eles, o futebol. Durante os 18 anos à frente da entidade, viu o Brasil ser tricampeão mundial de futebol ao vencer as Copas de 1958 (Suécia), 1962 (Chile) e 1970 (México).

Presidência da Fifa

Em 1974, foi eleito presidente da Fifa, o primeiro de um país fora da Europa a liderar a organização. Após sucessivas reeleições, permaneceu como o homem mais poderoso do futebol por 24 anos, período em que organizou seis Copas do Mundo e visitou mais de 180 países. No ano de 1998, deixou o comando da federação, sendo homenageado com o título de presidente de honra. Foi sucedido pelo economista suíço Joseph Blatter.

Depois da Fifa, passou a dedicar-se a negócios empresariais e ao trabalho filantrópico. Desde 1963,integrava o Comitê Olímpico Internacional (COI) e era o mais antigo membro do órgão. Em 2011, renunciou em meio a ameaça do COI abrir uma investigação contra ele por suspeita de corrupção. Havelange justificou, na época, a saída por motivos de saúde. Fora do COI, ele conseguiu evitar ser punido e o processo foi arquivado.

Corrupção

Em 2010, o programa Panorama, da BBC, acusou Havelange e seu genro, Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, de aceitar milhões de dólares de propina da agência de marketing esportivo suíça ISL (International Sport and Leisure) para que a empresa fosse a única com contrato com a Fifa.

Na esteira do escândalo, renunciou ao cargo de membro do COI, que queria analisar um relatório sobre a denúncia, o que o livrou de uma investigação sobre o caso.

Já em 2012, a Justiça da Suíça afirmou que ele e Teixeira receberam propinas de cerca de R$ 45 milhões pela venda de direitos de mídia de torneios da Fifa – acusação refutada por Havelange.

No ano seguinte, ele renunciou à presidência de honra da entidade. Após investigações, o presidente de comitê de ética disse que ele teria que devolver o dinheiro à Fifa, mas isso não aconteceu.

Estádio muda de nome

Em 2017, seis meses depois de sua morte, o estádio olímpico construído no Rio de Janeiro para o Pan-Americano de 2007 e que levava seu nome – mas que popularmente era chamado de Engenhão, por ficar no bairro do Engenho de Dentro -, foi rebatizado oficialmente Estádio Nilton Santos, num movimento realizado pela diretoria do Botafogo, concessionária da estrutura.

Nilton Santos foi um dos maiores jogadores da história do Botafogo, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962, e que por mais de 20 anos só vestio a camisa do alvinegro carioca.

Morte no ostracismo

João Havelange morreu no dia 16 de agosto de 2016, no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio, longe da pompa dos tempos de grande cartola esportivo. Ele estava internado para tratamento de uma pneumonia desde julho. O corpo foi enterrado no cemitério São João Batista. No final de 2015, Havelange foi internado no mesmo hospital em decorrência de problemas pulmonares. Ele havia completado 100 anos de dia 8 de maio.

* Com informações da Agência Brasil, G1 e BBC.

 

 

 

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.