Coisas de Floripa: Conheça o “Dialeto Manezês”

Feira Viva Cidade, que acontece aos sábados em Floripa, expõe artesanatos manezinhos | Foto Divulgação/Feira Viva Cidade

Por: Ewaldo Willerding Neto

24/09/2024 - 10:09 - Atualizada em: 24/09/2024 - 10:14

Ixtepô, arrombassi, dazumbanho são algumas expressões muito usadas no dia a dia de quem é natural de Florianópolis. O chamado manezinho tem suas origens em açorianas e é considerado um patrimônio de Santa Catarina. Inicialmente, era usado como uma espécie de xingamento, classificava pessoas sem conhecimento, ou gente tansa, como se diz na Ilha.

A partir do final do Século XX virou elogio e distinção de quem nasce em Florianópolis. Passou a ser um orgulho ter a alcunha de manezinho, muito graças ao jornalista, já falecido, Aldírio Simões, que criou o Troféu Manezinho e distribuiu a premiação a conhecidos nativos da cidade. Em Florianópolis, em todos os cantos, você encontra um manezinho raiz que vai contar uma história sobre pescaria ou um causo da vida.

A partir de 1997, com as conquistas do manzinho mais famoso, o tenista Gustavo Kuerten, a expressão caiu definitivamente no gosto e no conhecimento popular, consagradando quem nasceu na Capital catarinense.

Gustavo Kuerten, o manezinho mais famosos | Foto: Redes sociais/ Reprodução

No Museu de Florianópolis, que é administrado pelo Sesc-SC, é um dos locais onde o manezinho é reverenciado. O local traz histórias de quem fez e faz história da cidade, além de mostrar a sua importância para a cultura local. Na estrutura, você também tem um espaço especial sobre algumas expressões e dialetos que os manezinhos usam em seu dia a dia.

Confira algumas expressões manezinhas

Abobado: sinônimo de bobo. Caracteriza uma pessoa infantil, que fala besteira. Ex.: Para de ser “abobado” (Para de ser infantil).

Arrombassi: forma de elogiar uma pessoa que se saiu bem em alguma coisa. Ex.: “Arrombassi” nesse jantar! (Ficou ótimo o jantar / Mandou bem no jantar!)

Baita: legal, bonito, maneiro. Ex.: Essa bicicleta é uma “baita”! (Essa bicicleta é bem legal!)

Bucica: apelido para cadela. Ex.: A “bucica te avançou”, foi? (A cadela te mordeu?)

Cacaiada: forma de chamar um grupo de pessoas (ou coisas) que não prestam. Ex.: Esses vizinhos são uma “cacaiada” / Vou jogar essa “cacaiada” fora. (Esses vizinhos não são confiáveis / Vou jogar essas coisas foras (no sentido de estarem estragadas ou serem inúteis))

Coza max quirida: expressão para dizer que algo é fofo. Ex.: O nenê da Maria é a “coza max quirida”! (O bebê da Maria é muito fofo)

Jornalista Aldírio Simões popularizou a expressão | Foto: Reprodução/SBT

Dax um banho: elogio para quando a pessoa é boa em algo. Ex.: “Dax um banho” na cozinha! (Você cozinha muito bem!)

Ixtepô: é como chamam uma pessoa que está atrapalhando, que incomoda. Ex.: Vaza daqui “ixtepô”! (Pare de me incomodar!)

Istimada: é como chamam uma pessoa querida. Ex.: Ô minha “istimada”, como tax? (Oi minha querida, tudo bem?)

Mazanza: é como chamam uma pessoa com raciocínio lento. Ex.: Ô seu “mazanza”, já te expliquei isso aí! (Você é devagar, já te expliquei sobre isso)

Mandrião: é como chamam uma pessoa preguiçosa. Ex.: Deixa de ser “mandrião” e vai trabalhar. (Deixa de ser preguiçoso e vá trabalhar)

Não tem?: expressão usada no final de frases. Sinônimo de “sabe?”. Ex.: Depois eu fui naquele bar da esquina, “não tem?” (Depois eu fui naquele bar da esquina, sabe?)

O-lhó-lhó: indicativo de surpresa, espanto. Não necessariamente vem acompanhado de uma frase, é utilizado mais como uma onomatopeia.

Raça: usado para se referir a um grupo de pessoas. Sinônimo de turma, galera, pessoal. Ex.: Fui na festa com a “raça”. (Fui na festa com o pessoal).

Se quex, quex, se não quex, dix: expressão utilizada quando alguém está indeciso, para incentivar que a pessoa decida o que quer. Ex.: Vamos Maria, “se quex, quex, se não quex, dix”! (Rápido Maria, decida logo)

Segue reto toda vida: utilizado quando se vai indicar um caminho em linha reta a alguém. Ex.: Passando o mercado, tu “segue toda vida reto” e depois da casa rosa “camba” a esquerda. (Passando o mercado, você segue reto e depois da casa rosa vira a esquerda)

Tanso: burro, lerdo, tolo. Ex.: Tais “tanso” desde aquele dia / Fui muito “tanso” naquela resposta. (Você está sendo lerdo desde aquele dia / Fui muito burro naquela resposta)

Camaçada de pau: sinônimo de surra. Ex.: Vou te dar uma “camaçada de pau”! (Vou te bater)

Dois toque: utilizado quando quer-se dizer que vai fazer algo rápido. Ex.: Vou ali em “dois toque” e já volto / Em “dois toque” a gente resolve isso. (Vou ali bem rápido e já volto / Rapidinho a gente resolve isso)

Cú de increnca: expressão para se referir a uma pessoa brigona, encrenqueira. Ex.: Aquele João é um cú de increnca (Aquele João é encrenqueiro).

Conheça o Museu de Florianópolis

Museu de Florianópolos está no Centro da Capital | Foto Divulgação/Sesc-SC

O Museu de Florianópolis foi idealizado para atuar como um grande portal de acesso ao município, onde é possível conhecer a cidade, de forma interativa, e compreendê-la em sua contemporaneidade.

O horário de funcionamento é de segunda a sexta das 10h às 19h, sábados, domingos e feriados das 10h às 16h. Os ingressos podem ser adquiridos no site e ou na recepção do Museu com valores de R$10 inteira e R$5 meia-entrada.

 

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.