Moradores de várias cidades na região Sul do Rio Grande do Sul, incluindo Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte, relataram recentemente o fenômeno conhecido como “chuva preta”. Este evento ocorreu na segunda-feira (9) e chamou a atenção devido à sua aparência incomum.
Segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a cor preta da chuva é resultado da combinação de fuligem proveniente das queimadas com a água da chuva. A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, explicou que esse fenômeno também foi observado em cidades do norte do Uruguai, na fronteira com o Rio Grande do Sul.
“A ‘chuva preta’ ocorre quando a chuva, normalmente incolor, atravessa uma atmosfera carregada de fumaça”, detalhou Pegorim.
Previsão para os próximos dias
A previsão indica que a “chuva preta” pode se repetir em outras áreas do estado devido ao deslocamento de uma frente fria. A meteorologista acrescentou que, durante quarta-feira (11), quinta-feira (12) e sexta-feira (13), a presença de fumaça no Sul do Brasil pode provocar o fenômeno em diversas localidades dos três estados da Região Sul, incluindo Porto Alegre.
O climatologista Francisco Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já havia alertado sobre a possibilidade desse fenômeno. Segundo ele, a combinação de fatores climáticos adversos, como redução da umidade do ar, ondas de calor e bloqueio atmosférico, poderia contribuir para o fenômeno.
Impacto da poluição na qualidade do ar
Nos últimos dias, o sol em Porto Alegre tem exibido tons alaranjados, resultado da interação dos raios solares com a fumaça das queimadas. Guilherme Borges, da Climatempo, explicou que essa coloração intensa é causada pela maior inclinação dos raios solares.
A empresa suíça IQ Air informou que a qualidade do ar em Porto Alegre na terça-feira, 10 de setembro, estava classificada como “insalubre”. A concentração de partículas finas (PM2.5) está quase 12 vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas partículas pequenas podem ser inaladas e causar sérios problemas de saúde.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre emitiu recomendações para a população durante este período crítico:
- Para toda a população: Buscar atendimento médico se apresentar sintomas respiratórios, manter-se hidratado, evitar ambientes externos, e manter portas e janelas fechadas para reduzir a entrada de poluição.
- Para pessoas com problemas de saúde: Manter medicamentos prescritos ao alcance, buscar atendimento médico imediato em caso de agravamento dos sintomas, e consultar o médico sobre ajustes no tratamento.
Riscos à saúde
A exposição à fumaça pode levar a diversos problemas de saúde, incluindo:
- Problemas respiratórios, como bronquite e asma.
- Aumento dos níveis de pressão arterial e doenças cardiovasculares.
- Irritação nos olhos, nariz e garganta.
Recomendações de especialistas
Para mitigar os efeitos da poluição, especialistas recomendam:
- Uso de purificadores de ar.
- Lavagem nasal com soro fisiológico.
- Ingestão de bastante água.
- Utilização de máscaras faciais.
A poluição também afeta a aparência do céu e dos corpos celestes. O corredor de fumaça das queimadas, que se desloca por milhares de quilômetros desde estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso, tem causado alterações nas cores do pôr do sol e pode até modificar a cor da lua. A alta concentração de poluentes intensifica a coloração avermelhada da lua, especialmente quando ela está próxima ao horizonte.