Uma menina, de quatro anos, teve uma perna amputada após receber uma injeção em Três Barras.
Na sexta-feira, 30 de agosto, ela acordou com dor de garganta e foi levada pela mãe em um posto de saúde na localidade de São João dos Cavalheiros.
A mulher trabalha no setor odontológico da unidade de saúde como auxiliar de dentista.
A médica que a atendeu a menina receitou uma dose de benzilpenicilina, antibiótico utilizado no tratamento de infecções bacterianas.
Após receber a medicação injetável, a criança foi deixada pela mãe com uma babá.
Poucos minutos depois, o estado da menina apresentou manchas roxas na perna.
A mulher levou a filha novamente ao posto, mas a médica falou que era uma alergia.
Tranquilizada pela profissional, a mãe levou a filha para casa.
Quando chegou em casa, o pai viu que a suposta alergia só aumentava e decidiu levar a filha na Unidade de Pronto Atendimento de Três Barras.
O médico que a atendeu falou que era “uma simples alergia” e passou medicamento antialérgico.
Bastante preocupado, o pai perguntou o tempo de reação do remédio.
“Ele (o médico) falou apenas que é médico e não tem bola de cristal”, conta a madrinha da criança
Sem alternativa, os pais voltaram para casa, mas a menina seguia chorando e o aspecto arroxeado da perna da menina só aumentava.
No sábado, 31 de agosto, a situação piorou e os pais retornaram na UPA de Três Barras.
Outra médica fez o atendimento e, assustada com a gravidade do caso, encaminhou a menina para o Hospital Materno Infantil Jesse Amarante, em Joinville.
Segundo a família, Melissa teve duas paradas cardíacas no caminho.
No hospital, foi feita uma tomografia que atestou que a circulação da perna da menina estava comprometida e que seu coração e fígado estavam parando.
Segundo a família, os médicos disseram que provavelmente a injeção foi aplicada na veia ou na artéria femoral da menina.
Ela foi levada imediatamente para o centro cirúrgico. No sábado, ela fez a primeira de uma série de cinco cirurgias.
No domingo (1º), não houve alternativa a não ser amputar a perna da menina até a virilha.
“Fizeram quatro cirurgias para tentar manter a perna dela, mas não foi possível. Na quinta cirurgia os médicos disseram que precisavam evitar trombose, que era a vida dela ou a perna. Entre a vida e a perna, preferimos a vida dela”, conta a madrinha.
Enfermeiros e profissionais da medicina explicaram que não é errado aplicar benzilpenicilina na perna de crianças, pois os músculos das nádegas não estão bem desenvolvidos.
Porém, a agulha tem de ser aplicada em um ponto específico do músculo, evitando atingir artérias, veias e ligamentos. A injeção tem de ser aplicada na região chamada vasto lateral da coxa.
Recuperação
Os médicos monitoram menina a todo momento. Eles buscam evitar que a perna direita da menina também seja comprometida.
A criança, que não tinha histórico de nenhuma doença, faz agora sessões contínuas de hemodiálise.
Os médicos estimam que ela possa ficar internada por pelo menos dois meses, o que demanda dedicação total dos pais, que alugaram um apartamento em Joinville.
Como tem origem humilde, a família criou duas vaquinhas virtuais para tentar arrecadar dinheiro para mantê-los na cidade.
As chaves pix para fazer doações são: [email protected] e 096.892.999-05, em nome de Veridiane Aparecida Alves de Lima.
A reportagem do portal JMais entrou em contato com a assessoria jurídica da prefeitura de Três Barras.
O Município informou que deve emitir uma nota oficial sobre o caso assim que estiver concluída a apuração técnica do ocorrido.
A médica que receitou a injeção entrou em contato com a reportagem e negou que tenha atendido a criança uma segunda vez.
*Com informações do portal JMais.