Em tempos líquidos, em que a pressa parece guiar todas as ações e as construções modernas, o antigo acaba sendo, invariavelmente, preterido. É essencial que não nos esqueçamos de onde viemos e do que nos trouxe até aqui. Da ponte Abdon Batista do início dos anos 1900, persiste, solitária e resistente, a velha pilastra no meio do Rio Itapocu, imponente e cheia de história, como se quisesse nos transmitir um fio de saudade da antiga estrutura. É um dos significativos marcos de Jaraguá do Sul, um elo entre o passado e o presente.
A origem da velha ponte remonta a um curioso acaso histórico, quando uma estrutura destinada à África do Sul encontrou seu lar definitivo no coração de nossa cidade, graças à perspicácia do então deputado estadual Abdon Batista. A história da ponte de ferro inaugurada em 1913, simboliza a luta dos primeiros colonos para escoar sua produção agrícola e a perspectiva visionária de conectar, futuramente, Jaraguá do Sul ao resto do mundo.
A Ponte Abdon Batista segue representando um símbolo de progresso, determinação e resiliência, resistindo ao tempo e às enchentes, como aquela que destruiu a primeira ponte de madeira em 1911. Entendemos que preservar a memória histórica é uma obrigação e uma questão de respeito às nossas raízes. E uma das formas sensíveis, inteligentes e econômicas de fazer isso, quando não se tem mais o patrimônio físico, é optando por réplicas que mantenham a originalidade arquitetônica.
Reportando-nos ao caso da Ponte Abdon Batista, essa ideia surge como uma excelente oportunidade de manter viva a história e o legado de nossa cidade para as futuras gerações. Ao contemplar a possibilidade de uma réplica fiel da histórica ponte, não estaríamos apenas reconstruindo um pedaço da nossa história arquitetônica. Estaríamos, sobretudo, reforçando o valor que damos à nossa memória coletiva, à história de homens e mulheres que, com suor e esforço, construíram os alicerces do que hoje é Jaraguá do Sul. Essa réplica seria um tributo a todos que viram na ponte um caminho para o futuro. Enfim, preservar, resgatar e reverenciar a história é um gesto de grandeza. E a nossa velha ponte merece essa homenagem.