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É possível ficar viciado em videogames?

Foto: Pixabay

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

30/08/2024 - 14:08 - Atualizada em: 30/08/2024 - 14:16

A prática excessiva de videogames tem gerado preocupações em comunidades médicas e científicas quanto aos seus efeitos na saúde mental. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o vício em videogames como uma doença. No entanto, um novo estudo da Universidade Nihon, no Japão, publicado na renomada revista Nature Human Behavior, sugere que o jogo moderado pode ter efeitos benéficos no bem-estar mental dos adolescentes.

Os pesquisadores da Universidade Nihon abordaram a questão dos efeitos dos videogames com uma nova perspectiva. Eles destacam que muitos estudos anteriores sobre o impacto dos videogames na saúde mental produziram resultados inconclusivos e muitas vezes baseados apenas em observações. Isso levou a uma falta de evidências claras sobre a relação de causa e efeito. “Dada a discordância substancial e os desafios metodológicos, o impacto real dos videogames no bem-estar psicológico ainda não está claro”, afirmam os autores do estudo.

Efeito do videogame

Para investigar o efeito causal dos videogames no bem-estar, os pesquisadores entrevistaram 8.192 pessoas, com idades entre 10 e 69 anos, entre 2020 e 2022. Os participantes entraram em loterias para ganhar consoles de jogos populares, como PlayStation 5 e Nintendo Switch, no Japão, onde houve escassez desses produtos devido a problemas na cadeia de suprimentos e aumento da demanda. “Ganhar na loteria se tornou um fator determinante para adquirir esses consoles”, explicam os autores.

Os participantes responderam a questionários sobre seus hábitos de jogo e níveis de sofrimento psicológico, um indicador de bem-estar mental. Os resultados mostraram que os indivíduos que ganharam na loteria e jogaram cerca de 3 horas por dia apresentaram pontuações de bem-estar ligeiramente mais altas em comparação com aqueles que não tiveram sucesso.

Os pesquisadores também utilizaram modelos de aprendizado de máquina para analisar os dados, revelando que o impacto variou conforme o tipo de console e fatores sociodemográficos. Jogadores mais jovens que usavam Nintendo Switch experimentaram benefícios mais notáveis, enquanto aqueles sem filhos se beneficiaram mais do PlayStation 5. O impacto do PS5 foi mais pronunciado entre homens, enquanto o Nintendo Switch mostrou efeitos positivos semelhantes para ambos os sexos, possivelmente favorecendo mais as mulheres.

Peter Etchells, da Bath Spa University, destaca a importância de uma análise detalhada para entender os impactos dos videogames. “Para realmente compreender como os videogames nos afetam, precisamos ser específicos sobre o que estamos medindo e como”, afirma em entrevista à NewScientist.

No entanto, o estudo apresenta algumas limitações, como a auto-relatação dos jogadores sobre o tempo de jogo, que pode não ser precisa. Além disso, os dados foram coletados durante o pico da pandemia de Covid-19, o que pode ter influenciado os hábitos de videogame e a percepção de bem-estar. Estudos futuros serão necessários para confirmar a validade desses resultados.

O que é Vício em Videogames?

Em 2022, a OMS incluiu o vício em videogames na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11). O vício em jogos é definido como um padrão de comportamento de jogo caracterizado por controle prejudicado sobre o jogo, priorização do jogo em relação a outras atividades diárias e intensificação do jogo apesar das consequências negativas. Para o diagnóstico, o comportamento deve causar comprometimento significativo em várias áreas da vida e ser evidente por pelo menos 12 meses.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).